“As pessoas não entendem que quando você trabalha dentro de um clube, você deixa de ser torcedor.” - Ocimar Bolicenho, diretor do Atlético| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

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O presidente atleticano, Marcos Malucelli, afirmou ontem, em entrevista à Rádio CBN, que o elenco rubro-negro para o começo de 2011 estaria fechado com os últimos cinco reforços anunciados recentemente. Porém, a reportagem da Gazeta do Povo apurou que o Furacão ainda não desistiu do atacante Mazola – que estava no Guarani, mas pertence ao São Paulo. Outro que ainda não assinou, mas tende a continuar no clube, é o lateral Wagner Diniz.

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Após a primeira temporada completa como gerente de futebol do Atlético, Ocimar Bolice­­nho, pode comemorar aliviado. A boa campanha do time no Brasileiro fez com que dimi­­nuís­­se a desconfiança de al­­guns atleticanos, que não gostavam do fato de o dirigente ter sido presidente do rival Paraná em 1994 e 1995. Em entrevista ex­­clusiva à Gazeta do Povo na sua casa, ele admitiu que não foi fácil o começo de trabalho no Furacão.

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"Eu enfrentei muitos dissabores. O que as pessoas não entendem é que quando você trabalha dentro de um clube, você deixa de ser torcedor. Se me perguntarem qual é o meu período de torcedor, eu diria que eu fui do Pinheiros. Já no Paraná eu só fui dirigente, não tinha mais a característica de torcedor", argumenta Bolice­­nho, que se diz magoado com as manifestações raivosas dos atleticanos na internet.

Se existia oposição ao dirigente no Rubro-Negro na sua chegada, em julho de 2009, no Tricolor os ataques não foram menos frequentes. "Quando eu cheguei, estava em um período de eleição no Paraná e o próprio [ex-presidente José Carlos de] Miranda disse que neste período o único que não poderia ser aliado de ninguém era o Ocimar Bolicenho, porque ele tiraria votos", lembra, afirmando já ter superado esse isolamento.

Porém, em apenas um ano no Furacão, Bolicenho se tornou um dos principais alvos do ex-presidente Mario Celso Pe­­traglia, que o atacava principalmente por meio de um site de torcedores para qual o ex-dirigente escreve. "Eu sei que dentro do Atlético deve ter gente que não entende. Mas acho que com o meu trabalho e com a confiança que o Marcos [Ma­­lu­­celli] e o Enio [Fornea] colocaram em mim, nós diminuímos bastante isso. Com a vinda do Valmor [Zimmermann] e do Ademir [Adur], nós tivemos um entrosamento sensacional e isso com certeza apagou toda e qualquer coisa que pudesse ter lá atrás de restrição às minhas origens ou até a minha própria formação", fala o gerente de futebol.

Formação que começou na arquibancada, como torcedor do Pinheiros. Até que, em 1985, o dirigente começou a trabalhar no clube e, em 1987, conquistou o primeiro título estadual. "Até hoje é uma coisa que me emociona muito, porque houve muita corrupção naquele jogo, porque o resultado interessava ao próprio Atlético. O juiz roubou tanto que ele deu um pênalti a favor do Cascavel que a própria torcida do time da casa pe­­diu para o jogador chutar para fora. Ele chutou e o Pi­­nhei­­ros foi campeão", recorda.

Depois, Bolicenho participou da fusão que criou o Tri­­co­­lor, da formação do time de 1991 – que ele diz acreditar ser a me­­lhor equipe da história pa­­ra­­nista –, e da presidência com apenas 35 anos. "Eu era o presidente mais jovem do Brasil e não recomendaria a nin­­guém ser tão novo assim porque efetivamente atrapalhava muito a vida pessoal e profissional", con­­ta. "Eu fiquei praticamente cinco anos depois para recuperar o meu tempo perdido profissionalmente. Tive muitas dificuldades profissionais, pessoais e financeiras", assume.

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Até que, no ano 2000, Bolicenho voltou ao Pa­­raná como profissional do futebol, quan­­­­do efetivamente começou a carreira. No en­­tanto, dois anos depois ocorreu a despedida do Tri­­color. "Em 2002, o Paraná teve uma campanha mui­­to sofrida, nós ficamos rebaixados para a Segunda Di­­visão até os 28 minutos do segundo tempo do último jogo contra o Figuei­­rense, em Flo­­rianópolis. Aquele ano foi de um desgaste muito grande. Após aquela partida, declarei que o meu ciclo havia se encerrado e efetivamente nunca mais voltei a trabalhar no Paraná", disse o dirigente, colocando a culpa pela atual situação paranista na mudança do estatuto de 2003 e nas pessoas que administraram o clube desde então.

Bolicenho retornou ao futebol em 2008, no Joinville, passando depois pelo Marília e pe­­lo Santos, onde ganhou uma ca­­misa autografada pelo Pelé (fo­­to), o que considera um dos maio­­res dos muitos troféus que tem em casa. Agora no Fu­­racão ele pretende ajudar ao clube a conquistar os títulos do Pa­­ranaense de 2011 e da Co­­pa do Brasil ou da Co­­pa Sul-Ame­­ri­­cana.