Por motivos diferentes, Paraná, Coritiba e Atlético são, hoje, comandados por técnicos iniciantes. O que significa que, de formas distintas, estão contribuindo para arejar uma função em que, paradoxalmente, a rotatividade é grande, mas a renovação é pequena. Pense em quantos treinadores trocam de emprego ao longo de uma temporada. Agora faça o mesmo esforço para contabilizar o número de caras novas a participar dessa ciranda. A diferença é nítida.
Ricardinho é o mais neófito na função. Foi direto do meio-campo para a área técnica. Tão direto que até sua habilitação acadêmica para treinar um time de futebol foi questionada. E depois questionou-se o questionamento, em algo tipicamente brasileiro. Reclamamos do descaso com a educação. E reclamamos quando algum órgão exige estudo de uma pessoa para exercer determinada função. Ricardinho deu o exemplo. Evitou polêmica e lembrou que já está estudando para "esquentar" sua condição de técnico de futebol.
Marquinhos saiu das categorias de base da seleção brasileira para o comando de um time ameaçado de rebaixamento. Foi de 0 a 100 com a velocidade de um Usain Bolt. Poucas funções são mais confortáveis no futebol brasileiro do que a de técnico de seleção de base. Ninguém gasta horas de programação de tevê ou rádio nem linhas de jornal para discutir o trabalho feito nas versões sub-qualquer-coisa da seleção brasileira. No Coritiba, será submetido a dois julgamentos públicos semanais como qualquer outro treinador. Aprenderá muito mais nas 24 horas seguintes à sua primeira derrota do que em todos os anos da sua brilhante carreira de formador de atletas. É injusto. Mas é como o futebol rola há mais de um século. Quando houver alguma mudança, não estaremos mais aqui para ver.
Ricardo Drubscky é um estreante diferente. Trabalhou anos e anos nas categorias de base. Dirigiu Tupi e Volta Redonda. É respeitado entre os treinadores pelo conhecimento teórico. Lembra um profissional com anos de dedicação à vida acadêmica que decide, tardiamente, entrar no mercado. Precisa se equilibrar entre a vontade de comprovar na prática as suas teses e a necessidade de responder aos desafios do mundo real. Contra o Boa, por exemplo, rasgou seu próprio livro ao trocar Felipe por Marcelo durante o primeiro tempo. Começou a virar o jogo ali.
Como Ricardinho está há mais tempo no comando, fica mais fácil esboçar um veredito sobre seu futuro como treinador. A não ser que confunda suas prioridades, estará em pouco tempo entre os melhores do país. Para Marquinhos e Drubscky, o período ainda é de observação. Conduzir o Coritiba a um fim tranquilo de Brasileiro (Marquinhos) e devolver o Atlético à Primeira Divisão (Drubscky) será um excelente cartão de visitas.
Seja como for, o simples fato de olhar para os bancos de reservas e ver caras novas já é um alento.
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