Apesar de aparecer nas escutas da Polícia Federal como provável dono da MSI, o russo Boris Berezovski manteve a discrição quando tentou estender sua fortuna até o Brasil. Na tentativa de construir um novo estádio para o Corinthians e um dos palcos para a Copa do Mundo de 2014, o bilionário russo simplesmente ignorou qualquer ligação com a parceira do Timão.

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O GLOBOESPORTE.COM teve acesso à carta enviada pelo escritório Gherson & Company, de Londres, ao então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em 2 de setembro de 2005. O documento de cinco páginas mostra a intenção de Berezovski (ou Platon Elenin, nome adotado por ele em 2003) em investir pesado no país.

O magnata, acusado de lavagem de dinheiro, pretendia injetar cerca de US$ 50 milhões para a construção de um estádio que, segundo o texto, seria um novo símbolo na América Latina. A carta traz ainda a intenção dele em visitar o Brasil em caso de acordo, mas sem obstáculos para retornar à Inglaterra. Tudo sem tocar no nome da MSI.

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- Eu sempre achei que o Berezovski era o dono da MSI. Mas, hoje, já tenho algumas dúvidas. Muitas coisas ainda vão aparecer. Nem mesmo o presidente Alberto Dualib sabe se ele é realmente o investidor – afirma o vice-presidente de futebol afastado Rubens Gomes, um dos que possuem a carta.

Boris Berezovski, entretanto, é citado inúmeras vezes nas gravações feitas pela Polícia Federal, com autorização judicial. Em uma delas, Alberto Dualib pede para que ninguém mais pronuncie o nome do russo depois que a MSI desmentiu no site oficial do clube qualquer ligação com ele.

- O Boris acabou, está fora. E se ele (o ex-vice-presidente de futebol do clube, Andrés Sanchez) falar que o Boris é (investidor) f... com tudo - diz Dualib em uma das escutas.

O interesse do magnata russo não limitava-se apenas ao futebol. Depois de um fracassado encontro com o presidente Lula em Londres, durante o amistoso entre Brasil e Argentina, em setembro do ano passado, Berezovski reuniu-se com representantes do governo na capital inglesa para tratar sobre investimentos de até US$ 2 bilhões em gasodutos, portos e usinas de etanol, além de seu asilo político no país.

Em 5 de maio do ano passado, o russo foi preso quando tentava embarcar em seu jato particular no aeroporto internacional de Guarulhos. Depois de interrogado, acabou liberado. Em julho deste ano, ele e os representantes da MSI, Kia Joorabchian e Nojan Bedroud, tiveram as prisões decretadas sob a acusação de lavagem de dinheiro.

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