Há duas semanas fora da clínica de reabilitação, o ex-jogador Walter Casagrande Júnior, que passou um ano internado lutando contra a dependência química, participou do programa "Altas Horas", da TV Globo, que vai ao ar na madrugada de sábado para domingo. Em entrevista ao apresentador Serginho Groisman, ele contou o drama que viveu e agradeceu muito o apoio da família, que o ajudou na recuperação.
"Eu procurava a droga por frustração e melancolia e elas só me traziam mais frustração e mais melancolia. Minha família foi fundamental na recuperação. Eles me apoiaram muito, disse o ex-atleta.
Casagrande contou que iniciou a sua recuperação graças a um acidente de carro no dia 22 de setembro do ano passado.
"Tive um grave acidente de carro, fiquei três dias em coma e, quando acordei, já estava internado na clínica de reabilitação, de onde tive alta há duas semanas", relembrou.
Os efeitos da dependência, segundo o comentarista, não acontecem apenas quando o viciado sai de casa, mas qualquer coisa pode levá-lo ao erro. Ele dá um exemplo pessoal em que até um filme lhe levou a usar drogas.
"Perdi o controle da minha vida por causa das drogas. Perdi o contato com a minha família. Antes, achava que estava tudo bem, mas isso não era verdade. Na minha cabeça, eu não tinha doença, mas a dependência química é uma doença do dia-a-dia, uma doença crônica, incurável e fatal. Não basta deixar de sair à noite para evitar recaídas. Tive uma quando estava assistindo ao filme do Ray Charles. Durante o filme, ele injeta droga. Eu vi e tive a recaída", afirmou.
Casagrande também revelou a sua pior lembrança quando teve overdose diante do seu filho de apenas 12 anos. Ao todo, ele teve que ser internado quatro vezes por conta de overdoses, mas a última foi justamente a mais marcante.
"Estava me preparando para ir jantar como o meu filho e ele me disse que ia tomar banho. Fui no banheiro e injetei, só que a quantidade era muito grande e tive overdose. Caí no chão e meu filho, de 12 anos ficou gritando tentando abrir a porta do banheiro, mas, como eu estava caído, ele não conseguia abrir. Até ouvia a voz dele, mas não conseguia me mexer. Fiquei frustrado. Essa é minha pior lembrança", revelou Casagrande.
O fim da carreira nos campos de futebol também piorou a dependência química de Casagrande, que buscava nas drogas a euforia que sentia nos estádios lotados. Mas, mesmo quando jogava, ele admitiu que já era usuário.
"Quando jogava, não sabia que era dependente. Achava que era só parar. Quando joguei na Itália, fiquei limpo, mas no fim acabei voltando. Era fácil usar drogas porque não tinha exame antidoping. Usava para me divertir, não para jogar. Tudo piorou quando parei. Você perde aquela adrenalina, aquela euforia e fica o vazio. E isso aumenta a procura pela droga."
A sua recuperação fez também com que mudasse de idéia sobre a descriminalização das drogas no Brasil.
"Já fui a favor da descriminalização das drogas, mas não sou mais. Ela não vai ser socialmente saudável para o país. O governo tem que ter outras preocupações como saúde e educação, por exemplo."
Casagrande ainda recebeu o apoio da atriz Malu Mader, que também participou do "Altas Horas", e teve a música "É uma partida de futebol" dedicada a ele por Samuel Rosa, vocalista do Skank, enquanto seus gols passavam no telão do programa.
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