São Paulo - O inédito caso de doping múltiplo divulgado ontem motivou a abertura de um inquérito administrativo e levantou a suspeita da existência de um rede no país de consumo de substâncias proibidas no esporte. Presidente da Agência Nacional Antidoping e responsável pela investigação, com prazo de 30 dias para ser encerrada, o advogado Thomaz Mattos de Paiva pretende apurar se o fato de os casos serem concentrados na mesma equipe e com atletas do mesmo técnico, Jayme Netto Júnior, é apenas coincidência ou fruto de um esquema articulado.
"Certamente é o caso mais grave que tivemos no atletismo brasileiro, pois é o que pode gerar um maior desdobramento. Vamos apurar toda e qualquer situação. Primeiro, caso a caso. Depois, de maneira geral, até para saber se é algo isolado ou que vinha acontecendo com maior frequência", afirmou Paiva.
Os seis casos de doping são reflexo de um endurecimento do controle feito pela Confederação Brasileira de Atletismo. Em dezembro do ano passado, a Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) criticou a atuação da entidade em relação à estratégia de combate ao doping. Na ocasião, Chris Butler, diretor do Departamento Médico e de Antidoping da Iaaf, disse ser um erro a CBAt concentrar exames durante competições.
Em 2008, houve cerca de 320 análises: 98% em eventos oficiais e 2% fora do ambiente de competição. Só quatro atletas tiveram de passar por testes durante seus treinamentos. Neste ano, após as críticas, o número de testes aumentou significativamente. Somente em sete meses, foram realizadas 353 análises. O número de testes fora de competição cresceu mais ainda. Em 2009, foram 61 (ou 17%).
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