Gostaria de ser convencido pelo andamento dos projetos da Copa do Mundo, em Curitiba particularmente, e mudar de opinião sobre os benefícios dos quais sempre duvidei.
Devo um esclarecimento aos leitores. A crítica causa estresse em quem tem o dever de opinar. É fácil entender. O elogio não é cansativo, enfadonho para quem escreve ou verbaliza um ponto de vista que seja do agrado de uma parcela dos leitores e ouvintes.
De cara saliento que os atleticanos que pensam com paixão desenfreada imaginam que sou um crítico do clube. Não é verdade. Sou contrário, primeiro, à Copa do Mundo no Brasil, pelas altas cifras investidas, pelo superfaturamento, pela corrupção e pelos frequentes aditivos em contratos firmados e não cumpridos. Logo, também tenho a convicção de que Curitiba não está fora desse quadro trágico.
A instituição Clube Atlético Paranaense merece o meu maior respeito. Os descalabros gestados pela Copa merecem reprovação. A história vitoriosa do Rubro-Negro eu avalio pelos mais de 80 anos de existência com participação no Brasil e no exterior.
Seria falso de minha parte perdoar as atrocidades praticadas em nome do evento da Fifa. Em Curitiba, temos obras públicas paradas desde o ano passado e todas previstas para a Copa. Outras não foram nem sequer licitadas, muito menos contratadas. Os responsáveis diretos por tanto engodo com certeza não serão punidos.
Semearam bons frutos para enganar o povo e assim buscar adesão popular para a realização de quatro jogos em Curitiba à custa de dinheiro público. Neste desenho de dor moral posso invocar os servidores públicos do governo estadual que estão sem assistência médica adequada. Incompetência e desumanidade da administração. De uma simples consulta médica a um prosaico exame laboratorial, sem mencionar tomografia e ressonância magnética, nada funciona. Sobre internação hospitalar é melhor nem falar.
Para as alegorias político-eleitorais com os requintes da Copa não falta dinheiro do BNDES com o aval do poder público. Fragilidade de caráter e gestão pública.
O menor culpado da tragédia é o Atlético. Faz o que é do seu interesse imediato e futuro. Os grandes culpados estão encastelados nos gabinetes cheios de pompa do Executivo e do Parlamento.
A moralidade sucumbiu agitada pela vaidade e por interesses, talvez inconfessáveis, de muitos aproveitadores das circunstâncias que estão aos olhos da população.
Sugiro aos leitores que multipliquem os gastos, danos e promessas não cumpridas pelos 12 estados brasileiros que receberão a Copa. O escândalo será tão grande que é possível imaginar lágrimas generosas que molharão a face de brasileiros com vergonha na cara.