Existem momentos em nossas vidas que devemos abrir mão da modéstia. A modéstia pode soar o lado falso do ser humano. Muita gente usa o velho bordão "modéstia à parte". Serei objetivo, para não ser falso. Como jornalista não escondo minha opinião e não me submeto aos desejos escusos de qualquer pessoa. Assim também agi em quatro mandatos eletivos.
Para exemplificar informo aos leitores que na Assembleia Nacional Constituinte fui tentado a votar o mandato presidencial de Sarney com a duração de cinco anos. Fui convidado para uma reunião com o ministro Antônio Carlos Magalhães, das Comunicações. Antes, um emissário de ACM me garantiu duas concessões de rádio para votar cinco anos para Sarney. Recusei a oferta, mesmo sendo profissional de comunicação.
Não troco minhas convicções por favores. Continuo trabalhando em empresas de comunicação que não são de minha propriedade. Não as possuo porque não vendi votos na Assembleia Nacional Constituinte. Honrei o mandato que recebi por quatro vezes dos curitibanos e paranaenses.
Não entendo o porquê da ira de alguns atleticanos com a minha posição contrária à Copa do Mundo no Brasil. Não é pelo fato de ser em Curitiba que firmei minha convicção. Sou contrário ao evento no Brasil pelo fato de sermos um país com graves dificuldades sociais. E o dinheiro público deve ser usado para todos e não para a elite e para os turistas abastados.
Imaginem a montanha de dinheiro para a construção de estádios em Brasília e Manaus. Que futebol existe lá? São exemplos contundentes. Parece que somos um país rico, queimando dinheiro público em obras desnecessárias.
Nada contra o Atlético, dono do nosso melhor estádio. Basta pesquisar as minhas colunas nos últimos anos para conhecer melhor minha posição sobre a Arena. Ser contra torrar o dinheiro do povo brasileiro é o mesmo que combater e lutar pela punição de ladrões do dinheiro público. O Brasil banalizou a corrupção. Tudo parece normal. Estão aí os últimos escândalos na Casa Civil da Presidência da República e em nossa Assembleia Legislativa, onde fui acolhido por oito anos. Entrei e saí limpo.
Coritiba, Atlético e Paraná são a matéria-prima do meu trabalho. Pretender destruí-los é suicídio profissional, o que não nos tira do dever de criticar o que está errado.
Pessuti, eis a hora
Quando acadêmico de medicina veterinária, Orlando Pessuti presidiu a Casa do Estudante Universitário, em Curitiba. Procurou-me para obter o apoio do prefeito Saul Raiz, de quem eu era líder na Câmara de Vereadores, para ajudar a sanar as dificuldades. Consegui o que ele precisava. Hoje, a CEU está caindo aos pedaços. Pessuti, agora você não precisa de ninguém para reformar a CEU. Sua caneta está cheia. Que tal lembrar do seu tempo de estudante carente?
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