Impressiona o elevado número de pessoas desconfiando abertamente da boa aplicação do dinheiro público na estrutura da Copa do Mundo no Brasil. Corrupção à vontade, inércia do poder público e cumplicidade das maiores autoridades brasileiras. Ricardo Teixeira é motivo de censura coletiva. Ninguém acredita nele. Está sendo investigado por suspeita de ter abocanhado dinheiro da ISL, empresa que faz do futebol um negócio sujo e ameaçador. O sogro (ou ex) de Teixeira é um senhor de idade provecta (95 anos), que mandou no futebol mundial por mais de duas décadas. Acompanhei a eleição dele na Copa do Mundo de 1974 na Alemanha para presidir a Fifa e fui o entrevistador das rádios Gaúcha, Clube Paranaense e desta Gazeta do Povo. Não sabia que um dia teria vergonha de Havelange, renunciante ao Comitê Olímpico Internacional para evitar a inexorável expulsão. Ameaçado de ser expurgado da entidade, tudo por causa do escândalo da ISL e os direitos de transmissão dos jogos promovidos pela Fifa, preferiu alegar estar doente e desertar pressionado pelo despudor. É útil dizer que a Fifa deixou de ser um grupo gestor do futebol mundial para ser uma milionária empresa multinacional, explorando o quanto pode os países que se submetem à sua ganância gerada no ventre da corrupção.
E o Ronaldo?
Cada vez mais desprestigiado e reprovado pela torcida brasileira e os dirigentes lúcidos do Brasil e do planeta, Teixeira procura uma reaproximação popular via terceiros. Contratou o ex-jogador Ronaldo, que virou um especialista em negócios ligados ao futebol.
Ao ser anunciado como membro do Comitê Local da Copa brasileira, o ex-futebolista de vida pessoal cheia de máculas foi entrevistado pela Rede Globo e não perdeu tempo para mostrar o seu despreparo de causar vergonha.
Falando sobre os gastos públicos em estádios da Copa, o "ilustrado" e sensível gordo proclamou esta pérola, depois de defender a gastança governamental:
"Ninguém faz Copa do Mundo com hospital", disse o ex-Fenômeno para um Brasil de audiência.
Só não fica envergonhado e revoltado quem não conhece a realidade de crianças abandonadas e idosos passando fome, frio e dor, nos asilos em que se hospedam por falta de assistência médica governamental.
Este é o Brasil que não tem dinheiro para dar segurança, oferecer educação de primeiro mundo e boa saúde pública para o povo do país.
A verdade lamentável pronunciada por Ronaldo Nazário é o espelho dos mercantilistas que querem a Copa para ganhar dinheiro, com a exploração dos pobres e humildes trabalhadores brasileiros, a começar pelos suados construtores dos luxuosos estádios feitos com o dinheiro que pagamos ao governo, sem receber o devido retorno.