O treinador Guilherme Macuglia nem sequer começou a trabalhar e foi tripudiado por grande parte da torcida do Paraná Clube através das redes sociais. Uma precipitação própria dos apaixonados pelo futebol. Imagino que os diretores do Tricolor tenham consultado vários treinadores para substituir Roberto Fonseca. De todos, acredito, ouviram respostas semelhantes, por exemplo: "Gosto e admiro o Paraná, mas não tenho disposição de me responsabilizar por um time em declínio e com problemas sem solução". Não mentiram e também não exageraram.
Em coluna recente publicada neste espaço considerei o Paraná um inquilino do G4, à época passando dez rodadas dentro do grupo de elite da Série B. Adverti que o time deveria ter o cuidado para não ser despejado. Sem ser e nem querer ser profeta, intuitivamente, imaginei uma severa decadência. O limite tinha sido alcançado e a equipe começou a balançar como um avião enfrentando área de turbulência. E chegou a hora triste do despejo. Não foi por falta de pagamento. O que aconteceu era previsível. Faltou qualidade para vários jogadores. Novas contratações, nem pensar. O dinheiro está curtíssimo na Vila Capanema. E outra verdade: os bons estão empregados.
Contradição
Os torcedores gostariam de um treinador de grife, famoso e de prestígio nacional. Ausência de razoabilidade. Caso o Tricolor tivesse dinheiro para pagar uma montanha de grana para um técnico, melhor seria, penso eu, investir mais em jogadores de melhor qualidade, escolhendo entre os que estão disponíveis em outros clubes por várias razões. Não é possível pensar que os dirigentes atuais do Paraná são burros. No máximo devem ser considerados contidos ao gastar o pouco dinheiro de que dispõem. Não é justo reprovar o novo técnico antes de iniciar o seu trabalho, dificultado depois de nova derrota contra o Salgueiro, em Paulista, pertinho do Recife.
A mesma sina
Perdendo o lugar no G4 e ficando distante do quarto colocado, o desafio agora é não se afundar ainda mais. A zona do rebaixamento está ficando mais próxima. Outra vez buscar o conforto de permanecer na Série B parece ser o limite a ser alcançado pelo Paraná. Haja coração, paciência e resignação.
Post scriptum
O diretor do Paraná, Paulo César Silva, denuncia ameaças de morte recebidas por telefone e cartas. Deveria oferecer o cargo aos que o ameaçam e esperar o resultado. Seria catastrófico.