O clima de rivalidade do clássico de domingo entre Atlético e Coritiba deve ficar limitado ao campo de jogo. Rivalidade não significa jogar com violência, desrespeitar o adversário ou proceder, por qualquer motivo, de maneira inconveniente.
A rivalidade é um processo reiterado de disputa que cria entre os contendores uma grande concorrência, que se consolida através dos tempos. Para que isso aconteça não é necessário agredir princípios de boa convivência. A concorrência deve ser limpa, honesta e plena de dedicação em busca da vitória. Os jogadores de futebol fazem parte de uma categoria profissional.
Os interesses só diferem na busca do resultado final. No mais há uma coincidência de objetivos de natureza empregatícia. Todos ganham dinheiro para sustentar suas necessidades individuais e familiares, logo, usar violência física contra um adversário é um ato de extrema deslealdade, responsável, em muitos casos, por lesões de recuperação demorada e duvidosa. A violência só enxovalha o futebol e causa uma redução na qualidade técnica nos jogos.
Na torcida
A violência entre os torcedores é também abominável. Vários torcedores já morreram dentro e fora dos estádios por disparos de armas de fogo, uso de facas e pedaços de pau.
Além dessa selvageria, movida por deformação de caráter, uso exagerado de bebida alcoólica e drogas, está presente a depredação do patrimônio público. Veículos de transporte coletivo destruídos, estações de passageiros danificadas, telefones públicos inutilizados e arruaças que depõem contra a urbanidade e a conduta compatível com a boa civilização também são deploráveis.
Louvo a garantia que a diretoria do Atlético oferece para a entrega da taça de campeão ao Coritiba se for este o desfecho do clássico vindouro. Atitude exatamente contrária a adotada pelo ex-dirigente Mário Petraglia quando mandava no Rubro-Negro. Por falta de afinidade com as garantias individuais que implicam em várias liberdades, o defenestrado dirigente proibiu que fosse feita a entrega da taça de campeão estadual ao Coritiba.
Felizmente os ares mudaram na Baixada, e junto com o ar produzido pela natureza o futebol voltou a receber o oxigênio da democracia no interior da Arena. Os homens crescem de tamanho moral na medida em que sabem exercitar princípios éticos e de amor ao próximo. A violência é a brutalidade manifestada por desequilibrados e sóciopatas. Inclusive pelos que agem contra a livre manifestação do pensamento.
Bom senso
Finalmente a Federação Paranaense de Futebol usou critérios ditados pelo bom senso e marcou os jogos que influenciarão o rebaixamento para a mesma tarde de sábado, no mesmo horário. Ponto para o Paraná que lutou pela moralidade.