Concebido, gerado, nascido e desmamado no Alto da Glória, Alex esperou até o crepúsculo da carreira, já aos 35 anos, para experimentar o gostinho de ser campeão com o Coritiba sem crise, nunca é tarde para descobrir os prazeres da vida. Bem mais cedo, antes mesmo de ter idade para cumprir o teste do Detran, o camisa 10 passou a transitar entre os grandes.
Após ser peça primordial para a ascensão em 1995, Alex estreou com o Coxa na elite na temporada posterior. Era um domingão de clima horrível, 11 de agosto de 1996, dia perfeito para ficar foragido debaixo das cobertas, não fosse o compromisso agendado para o Couto Pereira, às 16 horas, diante do brioso Juventude. Na oportunidade, a expectativa era por Dinei. Cria do Corinthians, o goleador desembarcara dias antes no Afonso Pena cheio de chinfra, ostentando um invocado cabelo descolorido. Um bálsamo de maloqueiragem no tradicionalmente sisudo futebol paranaense. Mais tarde, o paulistano cairia no exame antidoping por cocaína.
O técnico alviverde era Heron Ferreira, carioca que mandou a campo um conjunto protegido pelo goleiro plus size Anselmo e que contava ainda com os agressivos Zambiasi e Claudiomiro. Na meia-cancha, lá estava ele, o Menino de Ouro, vulgo Beiço, registrado Alexsandro de Souza. O ataque dispunha do mini-jogador Niltinho (1,57 m) e Dinei.
Bola rolando e o Coxa partiu para cima dos gaúchos. Niltinho atormentava a defensiva caxiense. Quando não era o pequeno avante passando por baixo das pernas dos zagueiros, ele e a bola (não foi bem assim, mas a passagem do tempo permite o exagero), Alex aparecia com passes precisos e Dinei arrematava com perigo.
Apesar da pressão, o gol só foi sair na etapa final. E nada melhor do que estrear na elite estufando o barbante. Aos 10 minutos, Dinei serviu Alex, o então garoto avançou e tocou com categoria na saída do goleiro Márcio. Não demorou muito para o Alviverde ampliar o placar. Desta vez, Alex retribuiu a gentileza e deixou Basílio livre: 2 a 0 e três pontos na sacola.
O que acontecia na época
Em 1996, morreram PC Farias, tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello, e sua esposa, Suzana Marcolino. Quem vê as notícias sobre o julgamento do caso hoje em dia pode ter a impressão de que o episódio aconteceu não faz muito tempo. É um equívoco. Faz muito tempo mesmo. Tanto que naquele ano Ronaldo Nazário era magro e eleito o melhor jogador de futebol do planeta, após temporada memorável pelo Barcelona.
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