O protagonista Oséas foi bem marcado pelo volante Dutra| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Veja também
  • A primeira surra paranista na "elite"
  • Empate nada bailarino
  • Tubarão traiçoeiro
CARREGANDO :)

É notório que foi o gol solitário de Paulo Rink, em Mogi Mirim, que fez o Atlético garantir a promoção para a Série A em 1995. Mas poucos lembram que na rodada anterior, na tarde de 3 de dezembro, uma outra bola na rede, um outro suado 1 a 0, foi tão importante quanto o memorável gol do acesso. Quis o destino, na Velha Baixada, consagrar um jogador pouco cotado naquele elenco atleticano: o meia Everaldo.

O jogador, pouco lembrado em um time com Oséas, Rink, João Antônio, Alex Lopes e Leomar, já tinha uma Copa do Brasil pelo Criciúma no currículo, mas era reserva usual no time comandado pelo técnico Pepe, o maior artilheiro humano da história do Santos ("Pelé é sobre-humano", costuma dizer o ex-treinador).

Publicidade

A história dos 90 minutos que marcariam a passagem de Everaldo na Baixada, na verdade, começaria três dias antes de ele decidir contra o Mogi – sem aquele golzinho, o Furacão não subiria no interior paulista e Rink dificilmente teria essa façanha de ‘herói’ no currículo. No Atletiba da rodada anterior, 1 a 1 no Pinheirão, mais de 33 mil torcedores pularam sobre o antigo cemitério indígena e viram (ou tentaram ver na lonjura que era as arquibancadas) Everaldo entrar bem no segundo tempo no lugar de Borçato – cujo apelido nas arquibancadas é impróprio para os leitores deste jornal.

Com moral, Everaldo ganhou uma chance. Alinhou com os inoxidáveis Alex Lopes e Leomar, tendo João Antônio à frente. O Mogi Mirim, que já não era o Carrossel Caipira de Vadão e era comandado pelo uruguaio Pedro Rocha, montou uma parede e jogava no contra-ataque, favorecido pelo temporal de primavera que caiu sobre Curitiba. E o gol que o Atlético precisava não saía.

Pepe sacou o lateral Neto e colocou o meia Washington e a bola finalmente entrou aos 21 minutos. Com Oséas e Paulo Rink bem marcados, Everaldo cruzou na área e um zagueiro do Sapão cortou a bola com a mão. O árbitro marcou pênalti e a ignorância tomou conta do gramado, com direito à Polícia Militar ter de dar o ar da graça para tentar aplacar reclamações dos jogadores paulistas. Coube a Everaldo, hoje morando no litoral catarinense, cobrar o pênalti e fazer a alegria de 13 mil atleticanos. Alívio confirmado uma semana depois.

Se houve Paulo Rink em Mogi Mirim, foi porque teve Everaldo na Baixada.

O que acontecia na época...

Publicidade

Após falência, o Banco Nacional foi comprado pelo Unibanco, em uma das primeiras fusões bancárias brasileiras que começaram há duas décadas e o Econômico estava em crise. O escândalo de lobby na contratação do Sivam, Sistema de Vigilância da Amazônia, ressoava em Brasília. O top em tecnologia era o 486 DX2, perfeito para rodar o moderno Windows 95, mas ainda jogar Stunts no DOS com aquela musiquinha do PC-Speaker ecoando por todo o bairro. Na música, gravações inéditas de John Lennon, morto em 1980, fizeram vir à luz Free As A Bird, que entrou no álbum lançado naquele ano, o Beatles Anthology (foto).