Em um campeonato com regulamento bizarro, em 1985, o Coritiba recebeu o Londrina no Couto Pereira, no Primeiro Turno, e acabou empatando num jogo que marcou a volta dos campeões brasileiros à equipe, após merecidas folgas de 15 dias. Um empate por 1 a 1 frustrou os mais 4 mil torcedores que foram ao Couto Pereira.
Para começar, vamos ao regulamento, o primeiro da "Era Onaireves Moura" na FPF. A primeira fase teve três grupos regionais: Taça Curitiba, Taça Soja e Taça Café. Só serviu para dar pontos extras para os vencedores dessas minichaves com quatro times cada uma, pois todo mundo se classificava. Aí começava o campeonato de verdade, igual ao deste ano, com dois turnos, e um campeão de cada turno.
Caso um time vencesse os dois turnos, era campeão automaticamente, o que é normal e aceitável até o dia de hoje. Em caso de campeões diferentes, outra bizarrice: os campeões se juntariam aos dois melhores times de melhor índice técnico em semifinais e finais.
O Coxa começou a competição tendo de levar junto o Brasileirão, uma clara demonstração da insanidade do calendário do futebol daquele tempo, ao ponto de o atual parecer suave. Não era raro times encavalarem jogos em dias seguintes ou jogar quatro vezes na semana.
O Tubarão, que vivia ainda reflexos dos seus melhores momentos da história, tinha Paulo César Jatobá como volante e um goleiro que viria a fazer sucesso na década seguinte: Zetti, tetracampeão como goleiro reserva de Taffarel na Copa de 1994.
Não foi Zetti (ainda usando shorts em vez das calças compridas que viraram sua marca pessoal) o mais ameaçado daquele jogo e sim Rafael Cammarota e seu indefectível bigodón. Para completar, Heraldo se machucou, o que empurrou o LEC para cima do Coxa. O time Alviverde abriu o placar com Hélcio, então um jovem reserva, e tomou empate com Adalberto, na indecisão de Gomes e Vavá, substituto de Heraldo na defesa.
A atuação do Coritiba, que vinha com status, foi tão abaixo do esperado que o Londrina meteu duas bolas na trave e poderia sair com a vitória. O time alviverde acabou sendo personificado por Índio, que caía em todas as disputas da bola com mais força, visivelmente fora de ritmo de jogo uma espécie de Neymar dos dias atuais.
O que acontecia na época...
O Brasil era governado por José Sarney. Um fenômeno da teledramaturgia começou um mês antes: Roque Santeiro. Estou certo ou estou errado? No Japão, Jaspion, que virou mania no Brasil no fim da década começou a passar em março na tevê. Nos cinemas, a moçada podia escolher entre Rambo II (foto), História Sem Fim e Amadeus, a cinebiografia do gênio musical austríaco Mozart, cuja música tema do filme, "Rock Me Amadeus", do também austríaco Falco, virou hit musical no ano seguinte.