Coritiba e Atlético disputam hoje mais um Atletiba. Não sei ao certo quantos já foram jogados. Os alviverdes afirmam que foram tantos, os rubro-negros garantem que o número é outro. A discórdia também vale para as vitórias e derrotas de cada lado. A sensação é que o pega é anterior à chegada da bola ao Paraná.
A partida deste domingo (e Atletiba só deveria ser jogado depois da macarronada) opõe o Coxa de bem com a vida, liderado por Alex, o último romântico da bola, e o Furacão em desgraça, agarrado a Vagner Mancini. Tudo isso quer dizer que os donos da casa vão atropelar logo mais? É uma visão, existem outras.
Há quase 17 anos, o cenário era diferente. Corria o certame nacional de 1996, ano do retorno da dupla à elite do futebol. Tantas foram as broncas na Segundona que a participação tinha gostinho de primeira vez parecia que nunca tínhamos enfrentado o Flamengo.
Naquela oportunidade, os dois cumpriam campanhas semelhantes em dez compromissos, o CAP conquistara 13 pontos, o CFC 10. O compromisso estava agendado para a segunda versão da Baixada, apelidada Farinhacão, uma singela homenagem ao presidente que devolveu os atleticanos à Terra Prometida.
Nas casamatas, dois ex-craques. Pepe, o Canhão da Vila Belmiro, era o comandante do Coxa, após ter subido com o rival no ano anterior. Evaristo de Macedo, aquele velinho ídolo de Barcelona e Real Madrid, ensinava a rapaziada na Buenos Aires.
No gramado, os donos da casa contavam com Oséas e Paulo Rink. Rink, por algum motivo, não jogaria. E Oséas, aguarde, seria o protagonista daquele confronto de linhagem nobre.
Os visitantes, por sua vez, ainda buscavam um acerto. Dispunham de Anselmo, o goleiro plus size ao término do embate, o camisa 1 receberia o prêmio de melhor ator coadjuvante. Na frente, Pachequinho, o Formiga Atômica, e Basílio, outro nanico de alta periculosidade.
Bola pererecando e o Rubro-Negro invadia a área inimiga como garçom de churrascaria rodízio no início do jantar. Com um detalhe, ou Oséas vacilava, ou Anselmo espalmava. Tantas foram as chances desperdiçadas que os coritibanos, ironicamente, entoavam: "Oséas! Oséas! Oséas!".
Até que... 47 minutos do segundo tempo. Luís Carlos avançou e serviu o imprevisível avante das trancinhas. Com um toque, Oséas aninhou, com outro, aprumou, e com o terceiro, executou: 1 a 0, placar final. Na comemoração, nem o Homem-Aranha escalaria com tanta desenvoltura o alambrado do Joaquim Américo.