O atleticano Michel marcou o segundo gol do jogo da desforra contra Tcheco| Foto:

A temporada da Espanha em território brasileiro nos despertou para o tiki-taka, a curiosa artimanha tática baseada no "não tá mais comigo", a instituição do olé com o zero no placar, uma versão rock progressivo do esporte. Tudo agora um tanto démodé, após a tunda ministrada pelo Brasil na finalíssima da Copa das Confederações.

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Apesar disso, ainda está em tempo de lembrarmos quando tikitakeamos (na falta de um termo melhor) por aqui. Corria o ano de 2007 e Atlético e Grêmio se enfrentariam na Baixada pelo Brasileiro. Uma partida com ares de trama de Quentin Tarantino.

No encontro anterior, pelo primeiro turno, Alex Mineiro – o Bendito rubro-negro – teve a face esmigalhada por um chute de Tcheco. Evandro, por sua vez, ganhou o sorriso do Tião Macalé num choque com Gavilán. Violência espetacular, no melhor estilo do diretor americano, duas demonstrações do "jeito gaúcho" de jogar futebol.

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Encorpava o script o fato de Tcheco ser cria do Paraná e ter obtido destaque na carreira no arquirrival Coritiba. O vilão perfeito. Pra fechar, Alex Mineiro voltaria a campo justamente naquela noite, 31 de outubro, refeito das múltiplas fraturas no "rostro", como diria Alberto Roberto.

Chance imperdível de vingança que o Furacão não desperdiçou. Na etapa inicial, nada além de 22 homens correndo atrás de uma bola. O clímax viria no segundo tempo. Logo aos três minutos, o baixinho Ferreira recebeu na entrada da área e, ao dar um come no zagueiro William, todo mundo enxergou o futuro: 1 a 0.

Logo em seguida, para engrossar a desforra, Tcheco, que vinha sendo elogiado pela torcida do Furacão desde a primeira trilada do apito, acabou expulso. E o requinte de crueldade, com inspiração espanhola, ainda viria.

Eram jogados 37 minutos e a esfera parte do campo de defesa atleticano. Não tá mais comigo. Não tá mais comigo. Gritos de olé. Não tá mais comigo. Olé. Quem passa recebe, quem pede tem preferência.

O bobinho gigante durou quase um minuto. Dezenove trocas de passe, padrão Rojo de qualidade. Até que o lateral-esquerdo Michel disparou um tirambaço de misericórdia, estufando o barbante, 2 a 0. Alex Mineiro estava vingado e os gremistas, finalmente, descansavam em paz.

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O que acontecia na época...

Em 2007, a dupla Sandy e Júnior anunciou a separação. O que num primeiro momento parecia uma excelente notícia, acabou apavorando a todos com a revelação que ambos seguiriam em carreira solo. Pelo Brasileiro, o São Paulo conquistou ao fim da temporada o bicampeonato. O terceiro viria no ano seguinte e ninguém, exceto os são-paulinos, achou a menor graça no futebol apresentado pelo time de Muricy Ramalho.