Mestre João realizando a jogada inominável| Foto: Arquivo /Gazeta do Povo

O que acontecia na época...

1993 foi um ano glorioso para o automobilismo brasileiro. Depois de sete anos fora de produção, o Fusca é relançado pelo presidente Itamar Franco. Dessa vez, o carro mais popular de todos os tempos não chegou a empolgar a rapaziada, mais interessada nos moderninhos Fiat Uno Mille e Chevrolet Corsa. O renascimento do Fusca durou apenas até 1996, quando a Volkswagen parou novamente de produzi-lo no país.

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Atlético e Paraná têm compromisso agendado para hoje à tarde, válido pela terceira rodada do returno do Estadual. Repare, a partida está marcada. Se a bola rolará, ou melhor, pererecará no pântano da Vila Capanema, ninguém sabe. É isso o que chamam de "futebol profissional".

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Diante desse cenário animador, só nos resta voltar ao passado. Oito de agosto de 1993. Era apenas o sétimo encontro entre os vizinhos da Rua Engenheiro Rebouças. Até então, equilíbrio total. Duas vitórias para os rubro-negros, duas para os paranistas, dois empates.

O duelo da vez, também pelo Paranaense, seria disputado no Couto Pereira, estádio que no início da década de 90 servia comumente de palco para o clássico. E poderia ser a solução para o jogo da tarde deste domingo. Mas aí, sabe como é, seria necessário um acordo, e diálogo não é o forte entre os chamados "coirmãos" da capital.

Voltando ao que interessa, apesar da pouca idade, o Tricolor já não era ingênuo. Dois anos antes, em 1991, faturou o seu primeiro título local e se insinuava para sapecar o segundo. O Furacão também ansiava pelo caneco, numa fase final jogada em pontos corridos.

Quase 18 mil pessoas estavam presentes quando Ivo Tadeu Scátola soprou o apito pela primeira vez naquela tarde de sol. Mais dispostos, os paranistas passaram a pressionar, sob a orientação do técnico Levir Culpi. Os atleticanos apenas se defendiam, para o desespero do treinador Toinho.

Bastaram 25 minutos para ser vencida a cidadela do arqueiro Gilmar. Tudo começou com a cobrança de lateral de alta periculosidade do zagueiro Gralak lançada na área. Éder Lopes rechaçou de cabeça. Foi quando ocorreu um fenômeno até hoje mal explicado pelos mais renomados especialistas da bola.

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Não foi exatamente um voleio. Um golpe de caratê, ou alguma outra arte marcial? A ginga de capoeira mais agressiva inventada pelos escravos? O passo mais enjoado de break-dance?

Enfim, o fato é que o petardo voador aplicado por João Antônio, aquele apeliado com toda a justiça de Mestre João, foi parar no fundo da rede, depois de chocar-se com o travessão. Golaço que valeu a vitória para o conjunto formado por Régis; Marques, Marcão, Gralak e Roberval; João Antônio, Tadeu, Adoílson e Marcinho; Tiba e Luizão.

Na rodada seguinte, o Paraná venceria por 3 a 1 o saudoso Matsubara e conquistaria a primeira das cinco taças seguidas do pentacampeonato.