O improviso é uma das práticas mais antigas no mundo artístico, especialmente no teatro onde tudo é feito ao vivo e sem margem para erro. O improviso também é importante para os políticos quando se veem cercados por situações inesperadas e das quais necessitam exercitar a criatividade para sair-se bem. No rádio, então, nem se fala, pois o locutor tem de ter agilidade mental e inventividade suficientes para completar um pensamento, dar uma resposta precisa ou mesmo criar frases de efeito que satisfaçam as expectativas dos ouvintes.

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É famosa a passagem vivida pelo ator Sinval Martins nos áureos tempos do radioteatro, nos estúdios da PRB-2, quando o personagem principal da novela sacava uma arma de fogo e atirava contra o vilão no capítulo final da história. Só que em vez de rodar a trilha do disco com som de tiros o sonoplasta da Rádio Clube colocou no ar a faixa com uma vaca mugindo. O mocinho, no caso o intérprete Sinval Martins, improvisou de maneira genial: "E não adianta você se esconder atrás da vaca...!".

Outra regra antiga no mundo da improvisação é a de que não se deixa prova em branco, qualquer estudante sabe disso. O vazio nada rende, é zero na certa, e denota não apenas desconhecimento do assunto, mas também falta de empenho e imaginação. Preencher o vazio deixa ao menos o professor intrigado, como aconteceu na última prova do Enem com a inclusão do hino do Palmeiras numa redação sobre a imigração no Brasil. E tem aluno que pratica a arte "embromatória" com apreciável galhardia.

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O futebol, então, é pródigo na criação de improvisos, não só por parte de cronistas, treinadores, jogadores e árbitros como principalmente dos dirigentes. Chega a impressionar a capacidade de improvisar dos cartolas brasileiros, seja na elaboração do calendário – cada vez pior –; na escolha das fórmulas de disputa dos campeonatos estaduais – cada vez mais exóticas –; no cuidado com os gramados ou mesmo na administração do negócio chamado futebol.

Vejam, por exemplo, o desperdício que representará a realização do clássico Atletiba no estádio do Paraná, no bairro do Boqueirão – Vila Olímpica é outra coisa e outro dia explico o porquê – com público limitado e os mesmos riscos de violência nos abomináveis confrontos entre as torcidas organizadas. Haja policiamento para tanta ignorância!

Se o campeonato é desinteressante para a maior parte do público, consequentemente deficitário e arrastado, por que não aproveitar o único jogo que tem boa renda garantida para promover, finalmente, uma grande festa futebolística?

Mesmo com os clubes da capital em situação financeira penosa, não houve bom senso e muito menos entendimento para lotar o Alto da Glória e tentar recuperar a desgastada imagem do futebol paranaense no concerto nacional.

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