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Acreditando que todos os problemas estavam resolvidos e que o povo estava sob controle, o ex-presidente Lula pleiteou os dois maiores eventos esportivos do planeta: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Ganhou os dois. Mas não prestou atenção no tamanho da conta e no detalhe de que os grandes problemas não estavam resolvidos – e muito menos que a população dormia em berço esplêndido.

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O povo brasileiro demonstrou nos últimos dez dias que não perdeu a capacidade de se indignar.

O aumento da tarifa do transporte coletivo serviu apenas como estopim, seguindo-se os protestos contra a corrupção, a falta de segurança, a lentidão e os gastos das obras públicas e, é claro, o custo para a construção dos estádios para a Copa.

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A Fifa não pediu para trazer a Copa para o Brasil, mas foi convencida pelos argumentos de que o nosso país estava em condições de receber as 31 delegações que virão em 2014 acompanhadas de milhares de torcedores, jornalistas e autoridades.

Agora, diante do caos instalado em diversas cidades, a entidade de Joseph Blatter teve de desmentir o boato de que cancelaria a Copa das Confederações e o Comitê Organizador Local correu para acalmar as seleções visitantes que assistem aos protestos através das janelas dos hotéis e dos ônibus que conduzem os jogadores aos modernos estádios.

Estamos experimentando momento histórico com o povo indo às ruas, reivindicando os seus direitos sagrados ao mesmo tempo em que cobra mais transparência e competência dos governantes que foram por ele eleitos nas últimas eleições.

O Estado como instituição criada pelo homem para organizar o seu convívio com o próprio homem e mediar os seus conflitos permaneceu num limbo, distanciado de louvores e castigos. A fantasia ruiu quando a sociedade percebeu que passou dez anos sem que visse os grandes problemas de infraestrutura e qualidade de vida solucionados – agravado pelo reaparecimento do fantasma da inflação para corroer a economia.

Muitas promessas, projetos adiados e o Estado cada vez mais perdulário, inchado, endividado e umbilicalmente vinculado aos grupos políticos que o permeiam e que usufruem seus privilégios.

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Ao mesmo tempo, revelou um governo mau empregador de recursos públicos por direcioná-los em níveis insustentáveis a sustentar o seu corpo funcional, sem conseguir, em decorrência, cumprir as suas responsabilidades de provedor de educação, de segurança, de saúde, de infraestrutura e de planejamento não de um programa de poder partidário, mas sim de um programa de desenvolvimento em longo prazo para o país.

Os políticos populistas insistem em abusar da paciência da população com suas atitudes deploráveis no Congresso Nacional, como, por exemplo, a PEC 37, que tornará o Ministério Público impedido de investigar, prejudicando o controle da corrupção consagrada pelo notório caso do Mensalão.