Há uma ilusão de que os brasileiros são mais apaixonados por futebol do que habitantes de outros países. Havia uma ilusão de que os brasileiros eram acomodados e não se mobilizavam para protestar contra a gestão pública e a corrupção.
Talvez nos outros países haja mais interesse por outros esportes, além do futebol, mas não resta a menor dúvida de que a paixão por ele é muito grande. A população de muitos países habituou-se a exigir os seus direitos devido as graves crises institucionais que experimentaram, mas, sobretudo, pelos conflitos armados que enfrentaram desde sempre.
Depois de ser maltratado e iludido por demagogos durante décadas, o povo brasileiro cansou e, motivado pela elevação do custo das tarifas do transporte de massa, mostrou a sua cara protestando contra tudo o que considera errado. Atônitos, políticos e governantes finalmente estão ouvindo, como dizia o deputado Ulysses Guimarães, "a voz rouca das ruas".
O efeito das passeatas derrubou o preço das passagens e revelou a grande indignação de todos com a corrupção que assola o país e com o elevado custo de dinheiro público na construção de "elefantes-brancos" para a Copa, dinheiro que falta na construção de hospitais, escolas, sistema de transporte, infraestrutura e segurança. A palavra está com as autoridades que terão de se explicar.
O novo Neymar
Se contra o México a seleção não jogou grande coisa, Neymar apresentou sua nova fase com futebol de primeira, gol, passes e, acima de tudo, alegria de jogar. Nos meses que antecederam a sua transferência para o Barcelona o que se viu em campo foi um garoto triste, confuso e que não conseguia repetir jogadas espetaculares e nem mesmo marcar os gols que o consagraram. Bastou o negócio ser fechado para que um novo Neymar surgisse com a camisa amarela: tranquilo, confiante, embalado pela solidariedade com os protestos da população, a emoção do hino cantado pelos torcedores e pela motivação de mostrar ao mundo o seu verdadeiro repertório. Ele integrou-se ao espírito de grupo que precisava ser criado dentro do escrete, como fator de união entre comissão técnica e elenco. Aí é que entra Felipão como de um time em busca da sua identidade. Só que a seleção não pode depender de um único jogador para alcançar os seus objetivos.
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