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As transições são, sempre, carregadas de ambiguidades e contradições. São períodos de incerteza, divergência de caminhos, prenunciadores da verdadeira mu­­dança, ainda por vir.

Não há, portanto, surpresas no fato de que sejam conturbadas e que as dificuldades, a elas inerentes, usadas como arma dos adversários.

Este foi o panorama enfrentado pelo novo grupo de dirigentes do Coritiba na virada do ano.

O time fez um fiasco no ano do centenário, perdendo os títulos que disputou, encerrando a temporada com a queda de divisão, com a agravante dos lamentáveis acontecimentos que determinaram a interdição do Alto da Glória e a perda de mandos na competição nacional.

De caixa vazio, os novos dirigen­tes assumiram o compromisso de tentar reabilitar o clube e de­­mons­traram habilidade nos primeiros meses da transição do Coxa.

Havia, no início, a preocupação de que o time sentisse o desgaste da derrocada e não conseguisse realizar atuações satisfatórias, jogando as primeiras partidas do Cam­peonato Paranaense fora de casa. Não causaria espanto que, circunstancialmente, na subversão e mistura de valores, grande parte da torcida viesse a acreditar na impossibilidade de ampla reabilitação, acreditando em falsas teses e noções equivocadas.

Até mesmo muitos torcedores, que se sentiram humilhados pelo rebaixamento ou contrariados com as atitudes dos vândalos que invadiram o campo e provocaram tantos males à instituição, deixaram de acompanhar a equipe nas partidas da Vila Capanema e mesmo no retorno ao Alto da Glória.

Só mesmo no jogo decisivo, carregado com a coloração própria da grandeza do Atletiba, foi que se viu o verde e branco dominar o pano­ra­ma no tradicional estádio com boa presença da massa coxa-branca.

Confirmando que, apesar de mal organizado e, no caso do nosso campeonato, com regulamento imperfeito, o Estadual ainda mexe com o sentimento dos torcedores. Conversa fiada esse negócio de que os estaduais não somam. Somam, sim, especialmente para um futebol que encontra barreiras quase intransponíveis para manter satisfatória regularidade nas competições de maior envergadura como o Brasileiro, a Copa do Brasil ou, eventualmente, a Libertadores.

O Estadual foi relegado ao se­­gundo plano, mas continua dando cartaz ao vencedor e gerando co­­branças nos perdedores.

O Coritiba precisava do título para acalmar a sua torcida e, so­­bretudo, para mostrar que ele continua mais vivo do que nunca, ape­sar de todos os percalços en­­fren­­ta­dos e ainda por vir no cumprimento da pena estabelecida pelo STJD.

Transição, por sua própria na­­tureza, representa a ocorrência simultânea da decadência e do renascimento.

O Coritiba teve a grandeza de encarar o temor, a incredulidade e o descontentamento, transformando a conquista do título de campeão paranaense na senha para a confiança de um futuro promissor.

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