Tite foi ovacionado pela torcida do Mineirão após a goleada do Brasil sobre a Argentina. No mesmo Mineirão que rebaixou a seleção a expressão mais cruel nos 7 a 1 impostos pela Alemanha.
A humilhação na última Copa do Mundo foi dolorosa, tanto pelas goleadas sofridas nos confrontos com alemães e holandeses, como pelo fato de ter sido realizada em nosso país.
Tudo porque o time pentacampeão mundial, logo ele que encantou o planeta durante décadas com seus craques e futebol bem jogado, não conseguiu definir uma formação equilibrada e, nem sequer, um figurino tático adequado. Foi um drama acompanhar as apresentações do time de Felipão em plena competição.
Todos os brasileiros ficaram profundamente inquietos durante o torneio.
Entretanto, é importante destacar que técnico campeão não é, necessariamente, o melhor, nem o perdedor é incompetente. Felipão viveu as duas situações no comando do escrete: campeão em 2002 e vilão em 2014.
Em qualquer área, o profissional precisa ser analisado pela média de suas atuações durante um período mais longo.
Da mesma forma que um bom comentarista esportivo não necessita ter sido um brilhante jogador profissional.
O comentarista deve ter, fundamentalmente, conhecimento e experiência da matéria, mas, sobretudo, equilíbrio na análise. Um pouco de cultura geral ajuda na forma de expressão para facilitar o entendimento do público leitor e ouvinte. Esta, aliás, é a maior deficiência dos ex-atletas lançados como comentaristas de futebol na televisão: muitos falam mal o idioma e se revelam corporativistas na avaliação do desempenho dos técnicos e jogadores durante os jogos.
Muitos craques tentaram a carreira de treinador e não deram certo. Cruyff e Becknbauer foram exceções e se deram muito bem. Pelé nunca pensou nisso e Maradona saiu-se mal no comando da seleção argentina.
Muitos craques não entendem e nem se preocupam com os detalhes táticos e com o conjunto de uma equipe. Outros, medianos, são grandes observadores e podem ser brilhantes treinadores.
A maior parte dos técnicos foi goleiro, defensor ou armador. Uma das explicações seria que eles têm mais chances de observar o jogo, o conjunto, do que os atacantes. Seriam mais solidários e menos individualistas. Felipão e Tite foram zagueiros.
Teoricamente, o perfil em campo do jogador que vai se transformar num bom treinador seria o pensador e o organizador na meia-cancha. Zagallo incorporou o trabalho da “formiguinha” na organização do meio-campo como jogador no Botafogo e na seleção.
Dos outros campeões mundiais, Feola e Parreira foram respeitados teóricos e Aymoré Moreira um grande goleiro.