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Engana-se quem imagina que a simples troca de técnico ou a contratação de reforços de qualidade resolverão o problema do time do Atlético.

A grave crise atleticana não se limita a ação dos profissionais, dentro e fora de campo. Ela é mais profunda e esta localizada no andar de cima: no comando do grande clube.

O Atlético, historicamente, sempre foi agitado, sofrendo dificuldades financeiras durante décadas que refletiam no comportamento irregular da equipe que passava anos sem conquistar um titulo estadual.

Com a ascensão dos integrantes da "Retaguarda Atleticana" na direção, à partir do início dos anos 1980, as coisas foram mudando para melhor até que, em 1995, veio a revolução estrutural, cultural e mercadológica liderada pelo intrépido Mario Celso Petraglia.

Até a conquista do título de campeão brasileiro a torcida assistiu admirável sequência de triunfos e inaugurações que projetaram o clube como fenômeno do futebol brasileiro.

No dia da festa do título, por conta de incontidas vaidades pessoais, houve o racha entre os dirigentes. De lá para cá, com a honrosa exceção da campanha do vice-campeonato brasileiro em 2004 e o inesperado vice-campeonato da Libertadores em 2005, o que se viu foi o esvaziamento do futebol rubro-negro.

Escolhas equivocadas de treinadores, contratações em excesso de jogadores apenas medianos e redução de boas revelações nas categorias de base diminuíram a capacidade do time com a escassez de títulos estaduais e a permanente luta contra o rebaixamento no plano nacional.

Administrado a longa distância, o CT do Caju ficou entregue aos profissionais que acabaram criando os seus feudos e as suas igrejinhas, invariavelmente com graves prejuízos ao rendimento do time.

Orgulhosos do patrimônio construído, mas com mentalidade estreita em relação ao futebol, os dirigentes pouco se relacionam com os jogadores e sequer acompanham as delegações nas viagens.

Futebol é, antes e acima de tudo, organização e relacionamento humano. Sem a presença dos dirigentes, os jogadores perdem a confiança e começam a criar situações de dificuldade que técnicos, supervisores e diretores remunerados não têm capacidade de resolver sozinhos.

Isolados no CT do Caju, sempre à espera de reforços de primeira linha, membros da comissão-técnica e jogadores emitem sinais de que as coisas não caminham bem.

Com esse diagnóstico, nem Carpegiani, como Geninho e Antonio Lopes, conseguirá realizar bom trabalho. Eles chegam apenas para apagar o incêndio, mas logo as brasas ressurgem.

A verdadeira crise esta no al­­to comando do futebol, exigindo-se completa revisão na me­­todologia e no planejamento, porém sem essa mentalidade silvestre que assinala a política da contratação de jogadores.

O Atlético volta a pensar grande ou acabará caindo mesmo para a Segunda Divisão.

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