Há uma profusão de e-mails criticando al­­guns técnicos, como Felipão, Luxemburgo e Muricy, entre outros, acusando-os de manter postura arrogante e prepotente – vou deixar de lado os adjetivos mais pesados com que os técnicos foram contemplados – durante os jogos e, sobretudo, no relacionamento com a mídia nas concorridas entrevistas coletivas.

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Antes de qualquer consideração a respeito, gostaria de frisar que a maioria absoluta dos treinadores possui visão errada da missão da imprensa. Dunga, por exemplo, equivocou-se ao incluir a imprensa no meio da torcida pela seleção brasileira, pedindo também o seu apoio antes e durante a última Copa do Mundo.

Esse tipo de comportamento já havia sido observado com Felipão durante a Copa de 2002. Os técnicos parecem não ter ciência do papel da imprensa. Não é torcer, nem apoiar, nem ajudar, nem bajular. A imprensa tem de informar, analisar, criticar, elogiar, denunciar, interpretar, discernir e aprofundar os temas do futebol.

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Mas não tem que torcer. Nem para a seleção e muito menos para time. É claro que, como qualquer cidadão, o jornalista tem o direito – não a obrigação – de torcer por seu país durante uma competição oficial e cultivar o carinho pelo seu time de coração, o qual certamente foi escolhido antes de ele tornar-se profissional do futebol.

Todo mundo pode torcer desde que esse sentimento não comprometa as tarefas citadas no parágrafo anterior. Aquele que mistura as coisas ou carrega nas tintas a favor de um só lado acaba quebrando a cara, perde a credibilidade junto ao publico e não consegue vencer na profissão de comunicador.

Mas, ultimamente, outra coisa tem incomodado os treinadores mais famosos: a revelação de seus elevados salários nos clubes onde trabalham.

Outro dia, Felipão ficou ouriçado com um repórter que comparou o seu grande salário em contraste com o baixo rendimento do time do Palmeiras. Nesse episódio, Felipão teve razão de ficar irado, afinal se ele ganha bem é porque reúne méritos para isso e, exceto a Receita Federal, ninguém tem nada com os seus rendimentos.

Até pelo contrário, diante da impressionante criminalidade que assola o país é temeroso as pessoas demonstrarem sinais exteriores de riqueza.

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Já passou da hora de a mídia respeitar os limites entre o seu campo de atuação e os direitos privados de dirigentes, técnicos e jogadores.

Como também já passou da hora de os técnicos mostrarem uma postura mais adequada nos jogos, com menos palavrões, gestos exacerbados e, sobretudo, reclamações acintosas contra a arbitragem aproveitando-se da liberdade que possuem em comandar as equipes a margem do gramado.

Tudo é uma questão de bom senso.