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O futebol está muito nivelado no mundo inteiro". É assim que simplificam as coisas, não é? E dizem com razão quando se reportam aos Campeonatos Brasileiros e à própria Taça Libertadores, que ficou sem o peso do passado, quando era disputada apenas pela fina-flor do futebol continental. O mercantilismo exacerbado conseguiu transformar até o tradicional torneio em uma disputa arrastada na primeira fase, com muitas equipes despidas de credenciais técnicas e com partidas realizadas em estádios precários, com gramados horríveis e arbitragens desastrosas.

Perdem a razão quando tentam aproximar os times do nosso continente com Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Bayern de Munique, Juventus e outros tantos que movimentam bilhões de euros e milhares de torcedores nos grandes espetáculos europeus.

Alguns dos nossos melhores críticos se apressam a lembrar das recentes conquistas mundiais de São Paulo, Internacional e Corinthians, esquecendo-se de que os três foram amplamente dominados por Liverpool, Barcelona e Chelsea, respectivamente, mas venceram graças às extraordinárias atuações de seus goleiros e pela sorte do golzinho salvador que valeu o título.

Basta ter corrido os olhos por alguns jogos do último domingo para verificar o baixo padrão técnico da maioria dos times. Não fosse o título da Taça Guanabara em jogo no Engenhão lotado, Vasco e Botafogo seria lembrado como um espetáculo de técnica inferior. A salvação foi Seedorf, com merecida exaltação do craque de 37 anos. Onde estão as revelações? Onde estão os craques? Depois do péssimo clássico Santos x Corinthians, tivemos São Paulo x Palmeiras, não por acaso ambos sem gols e sem brilho.

Acompanhar o Campeonato Paranaense tem sido um tédio, até para quem desempenha a missão profissional de transmitir os jogos no rádio, na televisão ou escrever artigos nos jornais. A moçada se esforça, dourando a pílula e tentando encontrar um viés positivo de alguma equipe, de algum jogo ou de algum jogador. Faz lembrar no meu início de carreira quando a televisão não transmitia jogos de futebol ao vivo e o rádio era soberano.

Repórter da Rádio Guairacá, formando dupla com Luís Alfredo Malucelli, tendo Clemente Comandulli como comentarista e Machado Netto na narração, chegamos ao Jardim Guabirotuba – Estádio Coronel Paula Soares – para a cobertura de um bravíssimo Britânia e Palestra, duas equipes que apenas cumpriam tabela sem qualquer aspiração.

Na cabine, antes de descer para os vestiários, o velho e bom Machado Netto alertou-me: "Menino, leve o trabalho a sério, pois se o jogo não tem interesse, o estádio está vazio e temos toda chance de vermos uma senhora pelada, lembre que existem milhares de pessoas que estarão nos ouvindo".

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