A tendência da crônica sempre foi a de criticar e apontar erros do selecionador nacional antes de qualquer Copa. Muitas vezes os analistas tiveram razão, como, por exemplo, ao pedir as escalações de Garrincha e Pelé no time que acabou conquistando o primeiro título mundial graças aos dois gênios da bola, que começaram como reservas de Joel e Dida, do Flamengo. Ou quando apontaram os excessos cometidos na convocação para a Copa de 1966 e a desorganização que se consolidou na Inglaterra, repetindo-se na Copa de 2006, na Alemanha.
O próprio Felipão pagou pedágio ao ignorar os apelos veementes da mídia para levar Romário e bancar Ronaldo e Rivaldo, que estavam em recuperação física. O técnico tornou-se pentacampeão e voltou consagrado.
Repete-se o fenômeno com Ronaldinho Gaúcho, que deita em rola quando encontra moleza na marcação e espaço para jogar, como ocorreu na partida com o São Paulo, diante de Rafael Toloi, Denílson, Wellington e outros frágeis defensores. Enquanto nos amistosos da seleção ele revelou dificuldade para mostrar a mesma habilidade e, por isso, não foi chamado.
O que precisa ser entendido é que o sucesso do esquema de Cuca no Atlético-MG deve-se à zaga bem entrosada e, sobretudo, aos volantes Leandro Donizete e Pierre, que são a alma do time. Com esse pessoal pegando firme, sobra espaço para Ronaldinho Gaúcho fazer a ligação com o eficiente ataque formado por Tardelli, Jô e Bernard. A meu ver, Jô seria melhor opção no escrete do que Leandro Damião.
Por falar em esquema, ao referir-se àqueles que considera os melhores do momento, Felipão deve ter se dirigido ao Coritiba dos tempos de Marcelo Oliveira com grande visibilidade no país nos dois vices da Copa do Brasil , já que no estadual deste ano, sob o comando de Marquinhos Santos, a equipe ficou devendo uma sequência de boas apresentações. Doeu a goleada sofrida em Manaus.
Ao optar por marcadores mais firmes, o técnico abriu mão do velocista Ramires, preferindo ficar com Lucas que, individualmente, é um jogador que não decide nada. Lucas ainda precisa mostrar que merece figurar entre os selecionados. Neymar é a esperança individual, se bem que tem se dado melhor contra as barbarenses e penapolenses da vida do que diante dos fortes esquemas defensivos italianos, ingleses e alemães.
Se a Copa fosse hoje, provavelmente o Brasil não chegaria à final. Porém, como teremos a Copa das Confederações antes, haverá tempo para se preparar. Será necessário um sistema tático ajustado, tempo para adaptação e treinos para descobrir como será o amanhã. A defesa ainda não inspira confiança, mas não se pode ignorar o peso de um quarteto com Paulinho, Oscar, Fred e Neymar.
Não dá para sair criticando a torto e a direito.