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Não foi apenas o fracasso da seleção na Copa da África do Sul que mostrou a face da crise técnica vivida pelo futebol brasileiro nos últimos anos.

A queda no número de gols no campeonato que se encerrou e a eleição de um argentino co­­mo o melhor jogador da temporada nacional evidenciam o mau mo­­mento técnico do nosso futebol.

Um dos mais graves problemas que os times e a própria seleção experimentam é a completa ausência de bons jogadores com características de armadores. Com a determinação dos técnicos em escalar cada vez mais zagueiros e volantes fortões, as divisões de base começaram a desvalorizar os jogadores criativos com vocação e habilidade para as jogadas inteligentes no meio de campo.

Nem mesmo tendo o grande exemplo oferecido pelo Barce­­lona – base da seleção espanhola campeã mundial – com Xavi e Iniesta concorrendo ao prêmio máximo da Fifa, juntos com o argentino Messi, se constituindo em exímios meias de ligação. São dois jogadores diferenciados da média geral com facilidades raras de serem vistas no futebol atualmente praticado.

Como não contamos mais com jogadores da escola de Zito, Didi, Dino Sani, Chinesinho, Moacir, Mengalvio, Gerson, Ri­­ve­lino, Ademir da Guia, Dir­­ceu Lopes, Carpeggiani, Falcão, Ce­­rezzo, Dirceu, Dicá, Adílio, Ma­­zi­nho, Zinho, Rivaldo, Alex e outros poucos, baixou o nível técnico do futebol brasileiro.

Tanto é verdade que os meias eleitos foram os argentinos Conca, do Fluminense, e Mon­­tillo, do Cruzeiro.

Enquanto dirigentes e técnicos não se conscientizarem da absoluta prioridade de resgatar a beleza plástica do jogo, com incentivo à descoberta de novos talentos que pertençam à linhagem dos craques do passado que enriqueceram a história do nosso futebol, continuaremos obrigados a engolir essas verdadeiras peladas disputadas ao longo do campeonato que se encerrou.

Para isso também será importante contar com a participação da crônica esportiva, sobretudo daquela pequena parcela de analistas isentos e que conhecem futebol, sem preocupação de agradar cartolas ou elogiar jogadores medíocres e times mambembes, com a intenção de iludir os apaixonados torcedores em busca de audiência fácil no rádio e na televisão.

Os números finais traduzem a dura realidade: apenas 2,57 de média de gols por partida, registrando uma queda de 13,6% em comparação com o campeonato do ano passado. Em 2009 foram assinalados 637 gols contra 550 em 2010.

Para isso, lamentavelmente, o Atlético contribuiu com uma das mais fracas coleções de atacantes da sua história recente. O Furacão terminou com saldo ne­­gativo e as goleadas, tão co­­muns na Arena da Baixada, deixaram de existir para frustração da sua fiel e incandescente torcida.

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