Sexta-Feira Santa é a data mais emblemática do cristianismo. Momento para a contrição, o arrependimento e a reflexão.
Todos os fiéis se unem nas orações em torno da "Paixão de Cristo". E por que a Igreja Católica cunhou a saga terrena do Filho de Deus como a Paixão de Cristo?
Porque "Pathos" é uma palavra grega que significa paixão, catástrofe, sofrimento e assujeitamento.
Com todo louvor a Jesus Cristo, respeitosamente entramos no tema desta coluna.
Impossível não fazer a ligação com a Paixão do Atlético, que de clube bem-estruturado, com apreciável quadro social e com dinheiro em caixa, resolveu sair em busca do estádio da Copa. Em vez de concluir a Arena da Baixada com os seus próprios recursos, preferiu correr todos os riscos para cumprir as exigências do caderno de encargos da Fifa.
Os gestores atleticanos tiveram todo o tempo do mundo para discutir, projetar, planejar e executar a obra, contando com o apoio e a ajuda do governo do estado e da prefeitura de Curitiba, que assumiram o mesmo compromisso perante a Fifa.
Porém, o rompimento entre as correntes políticas do clube fizeram com que o trabalho de estudos para a conclusão do estádio fosse colocado em compasso de espera, enquanto se discutiu um pouco de tudo, com acusações graves de todos os lados, mas, sobretudo, com a omissão do Conselho Deliberativo no trato dos feitos da Copa e a deterioração do departamento de futebol profissional que resultou na queda do Furacão para a Segunda Divisão.
Decidindo emocionalmente, os conselheiros desprezaram os projetos apresentados por duas construtoras renomadas, sendo que a proposta da paranaense Triunfo seria a mais adequada para as necessidades do momento, e assumiram o risco de o clube administrar a obra por conta própria através da criação de uma sociedade com fins específicos.
Todos sabiam que os atrasos na Copa de 2014 fariam a conta final ser bem superior ao que se imaginava há cinco anos. Mais do que isso, os custos atuais da Copa são conflitantes e recente relatório do TCU Tribunal de Contas da União aponta valor superior a R$ 25 bilhões, com base em dados da Matriz de Responsabilidade, e a própria Fifa reconhece que os atrasos nos projetos e na execução das obras farão o preço final explodir.
E aí começa a Paixão do Atlético que se colocou em posição das mais delicadas, pois derrubou a arquibancada, não conta com um bom estádio para disputar o Campeonato Brasileiro, está perdendo milhares de sócios e, mais grave, não possui recursos financeiros para garantir a conclusão da nova Arena da Baixada.
O que era para se constituir no futuro risonho e garantido, transformou-se no sofrimento atleticano e na incerteza, pois o BNDES não libera a verba sem garantias, o clube chegou ao seu limite e o estado e o município dizem que já fizeram a sua parte.
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