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Com a decadência da Boca Maldita, por mil motivos que não vêm ao caso, como dizia o falecido deputado Luis Roberto Soares, o estimado Koski, pouco vou ao centro da cidade. Só mesmo para cortar o cabelo e engraxar os sapatos, pois a morte dos velhos amigos, o afastamento de tantos outros e o fechamento dos cafés na avenida decretaram o esvaziamento daquele que foi o local mais politizado e agitado da capital.

Dia desses, passei por lá, revi alguns poucos amigos que resistem heroicamente no antigo ponto de encontro e fui abordado por um jovem que se apresentou como torcedor do Coritiba, emendando de primeira: "Por que os nossos times não conseguem se aproximar da dupla Gre-Nal, sendo Curitiba do mesmo tamanho que Porto Alegre?".

A questão é complexa, começando pelo fato de o Rio Grande do Sul ser mais antigo que o Paraná, as suas raízes serem mais profundas que as nossas, os gaúchos serem mais ousados e mais empreendedores do que os paranaenses e, no caso do futebol, Grêmio e Internacional serem times estaduais, com penetração nacional porque os gaúchos imigram e carregam as suas tradições.

Aqui, o Paraná Clube praticamente iniciou processo de desmantelamento e a dupla Atletiba é vítima da própria política estadual. Basta observar o perfil dos candidatos para perceber o baixo nível intelectual e, consequentemente, a pobreza dos projetos apresentados para o desenvolvimento do estado. O panorama é desolador.

O saber simular – parecer aquilo que não é – e o saber dissimular – não parecer aquilo que é – há séculos são considerados expressões de sabedoria política. Nesse aspecto os nossos políticos têm sido mestres, tanto que há décadas prometem um novo porto para o escoamento da produção agrícola, a construção de ferrovias que aliviem a sobrecarga das rodovias e, é claro, a redução da taxa dos pedágios. Como disse o filósofo Bacon: a mentira útil, como se faz com as crianças e os doentes, podendo-se acrescentar, no caso local, os eleitores.

No futebol não tem sido diferente. Falta aos dirigentes de Atlético e Coritiba o arrojo necessário para a contratação de grandes jogadores por temerem o endividamento dos clubes. Porém, o Coxa se encontra em estado de penúria e mesmo assim tem lutado nos últimos anos apenas para evitar o rebaixamento, enquanto o Atlético construiu um belo estádio e não conta com uma equipe à altura do novo palco para proporcionar alegrias ao seu torcedor, que passou dois anos e meio distante da Arena da Baixada.

Mas, com a mídia moderna e o impressionante volume diário de atrações futebolísticas mostradas pela televisão, tornou-se inevitável a comparação entre a excelência dos times europeus com a pobreza dos brasileiros. E nem assim os representantes locais conseguem aproveitar a situação para se destacar.

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