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Desde que a Fifa escolheu o Brasil como sede da Copa do Mundo sabia-se que três das mais importantes capitais do país não possuíam estádios públicos: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

Como seria impensável fazer a Copa sem o populoso e rico "sul ma­­ravilha", os organizadores procuraram São Paulo, Atlético e Inter, os quais colocaram Mo­­rum­bi, Arena e Beira-Rio à disposição.

Como o dinheiro jorrará fácil dos cofres públicos para os estádios municipais e estaduais – Mi­­neirão, Maracanã, Fonte Nova, etc. –, esperando-se apenas que não se repita o superfaturamento do Pan-Americano, no Rio de Janeiro, os holofotes da mídia dirigiram-se para os estádios particulares.

E, como se São Paulo, Atlético e Internacional tivessem culpa de terem sido competentes na construção dos seus patrimônios, passaram a ser pressionados pela Fifa, pela CBF e autoridades.

Os clubes foram encostados na parede, exigindo-se que contraíssem enormes dívidas junto ao BNDES, mantendo os seus recantos fechados durante dois anos para as obras previstas no exagerado caderno de encargos da Fifa.

Quem pagará a conta de tantos prejuízos nos dois anos de perda de renda em jogos, em publicidade e no esvaziamento dos quadros sociais? Sem esquecer de que os empréstimos milionários junto ao banco de fomento oficial terão de ser honrados pelas associações.

No meio do caminho, com pitadas de vingança política, o Morumbi foi excluído pela Fifa, anunciando-se que a prefeitura de São Paulo construiria nova praça em Pirituba. Pois não há de ver que o terreno escolhido esta contaminado por metais pesados e passa por processo de recuperação ambiental que levará mais três anos para ser concluído.

Voltaram-se os holofotes para o Morumbi, agora com apoio do presidente Lula, que apontou o jogo político da CBF como principal responsável pelos atrasos no cronograma de obras.

O Internacional encontrou mecanismos internos para alavancar recursos suficientes para mo­­dernizar o Beira-Rio, porém o Atlé­­tico – que apenas colocou a sua Arena à disposição da Fifa – es­­tá no meio de intenso debate político que culminou com audiência pú­­blica na Assembleia.

Tudo muito aborrecido, diante do assustador baixo nível intelectual, cultural e político de alguns deputados que debateram os caminhos indicados pelo governo estadual e pela prefeitura municipal para tentar salvar a Copa em nossa capital.

Revanchismo e desinteresse pela confirmação do evento em Curitiba assinalaram algumas manifestações. É importante recordar que o Atlético decidiu concluir o estádio com recursos próprios, porém sem os requintes sugeridos pelo caderno da Fifa.

O Atlético não necessita da Copa para ter a Arena concluída. Quem corre o risco de perder investimentos federais é o estado do Paraná e, sobretudo, Curitiba.

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