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O que escrever num do­­mingo de carnaval sem futebol? Pior ainda: sem carnaval. Ou alguém aposta no carnaval de Curitiba?

O futebol ainda motiva, apesar da precariedade técnica de nossas principais equipes neste início de temporada. Mas são grandes as esperanças de uma recuperação.

Imagine perguntar a um amigo: "O que você vai fazer hoje?" – e ter como resposta: "Vou tomar chá com a Rainha Eli­­za­­beth".

Você pensaria que ele esta brincando ou ficou ruim da cabeça. Mas, a cada ano, 24 mil felizardos súditos de Sua Majestade responderiam a sério, se alguém lhes fizesse essa pergunta. E estariam dizendo a mais pura verdade.

Porque três vezes por ano o Palácio de Buckingham abre as portas a 8 mil pessoas de cada vez, que ultrapassam o muro gradeado que cerca a residência real para tomar um chá com a Família Real e ter a chance de conferir, entre outras coisas, se é verdade mesmo que há flamingos cor-de-rosa nos jardins do suntuoso palácio.

A composição dos convidados é bem eclética. Inclui membros do corpo diplomático e visitantes estrangeiros. Mas dentre os britânicos, que são escolhidos de toda parte, só há cidadãos comuns – nesse dia a aristocracia, decadente ou não, não é convidada.

A maioria dos selecionados do povo é composta de enfermeiras, professores, funcionários públicos e pessoas que se dedicam a obras de caridade.

Não se sabe qual o critério de escolha dos nomes dos convidados, mas para eles tudo começa a partir da chegada, pelo correio, de um convite impresso com a marca real. É sempre uma surpresa, porque o escolhido não tem indicação prévia de que isso vai acontecer.

Para evitar situações embaraçosas, o convite esclarece que as senhoras devem usar chapéu e os homens podem ir de terno ou de fraque.

Nesse dia forma-se uma estranha fila à porta do Palácio em frente do qual, todas as manhãs, turistas espremem o rosto entre as grades, para ver melhor a troca da guarda.

Precisamente às 3h15, um sorridente soldado abre o portão para os convidados. As 8 mil pessoas são encaminhadas pelos corredores – ladeados de retratos dos ascendentes reais – até o terraço que dá para o famoso jardim.

Todos se espalham à vontade e, às 4 horas, a banda, que até ali tocava música popular, inicia os acordes de "Deus salve a Rainha". Ela então aparece no terraço, acompanhada do marido e de um dos filhos. Os membros da realeza se separam e se misturam aos convidados, caminhando devagar e conversando animadamente sobre tudo. Se algum súdito se entusiasma, é interpelado pela atenta e eficiente segurança.

Todos tomam chá em xícaras de fina porcelana e com bordas pintadas a ouro. Terminado o chá, os convidados se retiram, com muito assunto para contar aos amigos em casa ou nos pubs, e constatam que é verdade que existem flamingos cor-de-rosa nos jardins do Palácio de Bu­­ckingham.

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