No país da imoralidade pública, onde os políticos corruptos escondem o dinheiro dos mensalões em meias, cuecas e sacolas, o povo se conforma com pouca coisa. No caso da política, mais grave é o fato de o povo esquecer as mazelas e votar nos mesmos de sempre.

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Diante de tantas notícias desagradáveis que minam a ética e a moral nacional, não de­­vem surpreender os pequenos escândalos do futebol. Uma garfada do árbitro aqui, um aplique do bandeirinha acolá, o jo­­guinho de cena do Corinthians no jogo com o Flamengo para não ajudar o São Paulo e a campanha do "Grêmio, entrega!" para facilitar a conquista do Fla­­mengo em prejuízo do Interna­­cional são pouco diante da lama nacional em setores de muito maior relevância no cotidiano da população.

Como disse alguém, dentre as coisas menos importantes o futebol é a mais importante de todas. Sempre em nome da paixão.

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Por isso compreende-se a euforia da torcida atleticana após o triunfo sobre o Botafogo e a festa pela permanência na Primeira Divisão. Houve sorrisos, lágrimas, abraços, foguetório, corso e só faltou o time dar a volta olímpica. Como o eleitor, o torcedor também se contenta com pouca coisa.

Nei, jogador tecnicamente limitado, transformou-se no símbolo da raça atleticana. Em um time de melhores jogadores ele não teria vez e, no lugar de disputar para não cair, certamente o Furacão estaria disputando o título outra vez.

Pior é a situação do Coritiba, que segue na luta tenaz contra o rebaixamento. O clube e a torcida não merecem cair, mas a atual diretoria faz por merecer um castigo. Foram tantos os equívocos, indecisões e demonstrações de pouca experiência que a própria torcida jogou a toalha: se­­quer foi ao aeroporto recepcionar a equipe para cobrar empenho ou coisa semelhante na partida decisiva de domingo.

Mas a torcida estará presente e empurrará o time como tem feito em 100 anos, afinal ela sempre desempenhou o seu papel com dedicação e amor. O triste é que nem sempre recebe a contrapartida dentro de campo, com jogadores que se escondem nas partidas fora e transformam-se em verdadeiros leões no Alto da Glória.

Pois que tratem de ser gigantes no jogo com o Fluminense. A fiel torcida coxa-branca não me­­rece a humilhação de novo re­­baixamento.

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A diretoria que prometeu mundos e fundos no ano do centenário está atônita com os próprios erros cometidos: o time não ganhou nada, a situação financeira do clube é delicada, o projeto do novo estádio foi arquivado e nem os shows da grande festa foram realizados, apesar de anunciados durante meses na camisa oficial nos dias de jogos.

Desencanto é o mínimo que o torcedor sente ao aproximar-se do fim de mais uma temporada frustrante.

Enquanto o torcedor se contentar com pouca coisa, haverá espaço para dirigentes inexperientes e sem visão estratégica das coisas do futebol.