Nesses tempos em que só se ouve falar em milhões, supercontratos, verbas milionárias pagas pela televisão, exploração de imagem de clubes e jogadores, publicidade móvel e estática durante as partidas e marketing em geral tomando conta do futebol, é preciso lembrar a todos de que o futebol ainda se trata de uma modalidade esportiva.
Claro que para muitos é apenas um negócio. Um grande, atraente e rentável negócio, porém os torcedores enxergam os times pelo viés da emoção, com toques de romantismo e muita paixão. Os profissionais da bola precisam tomar o cuidado de não misturar a máquina comercial que envolve modernamente a modalidade com as obrigações esportivas nas competições.
Ou seja, o dinheiro não pode falar mais alto do que a técnica, o condicionamento físico, a preparação psicológica e tantos outros requisitos para a formação de um atleta e, em última análise, de uma equipe de alto rendimento. Para alguns treinadores, o futebol é tratado como teatro, necessitando de muito ensaio e repetições para que se faça boa apresentação.
Mas não é bem assim, pois na hora em que a bola rola com a plateia lotando o estádio, dividida entre duas paixões, inicia-se uma história de clímax e anticlímax, com muitas reviravoltas, momentos de fraqueza como de grandeza e com a dificuldade de sair o gol, tudo muda. Por isso, futebol não é teatro, pois se em uma peça o diretor sabe antecipadamente o que os atores devem fazer, no futebol, o técnico não sabe quem será protagonista, a história não esta escrita, mas sendo escrita à medida que o tempo passa e o enredo vai sendo costurado com os acontecimentos em campo.
Se no teatro os espectadores torcem pelos personagens que consideram merecedores de um final feliz, no futebol já sabem de antemão por quem vão torcer até o final, com desfecho justo ou injusto.
É lamentável que a temporada brasileira se inicie com os desinteressantes campeonatos estaduais, cada vez mais esvaziados pelos próprios clubes que anunciam a escalação de times reservas, como acontece com o Coritiba; ou mesmo representado pela categoria sub-23, como ocorre com o Atlético, pelo menos nas primeiras rodadas.
Diante disso, mais parece a tentativa de promover uma peneirada de novos jogadores do que propriamente aproveitar o estadual como laboratório para as competições mais importantes que virão a seguir. Seria um teste válido se os times jogassem desde o inicio completos, com seriedade e buscando o aperfeiçoamento tático, técnico e físico até alcançar o ponto considerado ideal.
Já que aceitaram disputar esse campeonato longo e deficitário, pelo menos deveriam respeitar o torcedor. Falta coerência aos dirigentes que falam tanto em planejamento estratégico, compromissos mercadológicos e não se entendem para promover um campeonato decente.
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