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A atual dificuldade técnica do futebol brasileiro tem a ver com o seu formato administrativo. Tudo começa na formação das categorias de base e da equipe principal. Tradicio­­nalmente, os dirigentes entravam com espírito amadorista e vontade de descobrir os segredos e encantos do mundo da bola. Poucos deram certo. A maioria, sem conhecimento suficiente da matéria, se apaixonava por técnicos ou determinados jogadores, reduzindo a capacidade de análise do desempenho da equipe.

As exceções se tornaram conhecidas no futebol paranaense e ainda são lembrados como entendidos do assunto: Miguel Checchia, Elias Dervi­­che, Munir Calluf, Antonio Carlos Xavier, Luís Afonso Ca­­margo, Estevão Damiani, João Carlos Vialle e Domingos Moro, no Coritiba; Atílio Ramon e Hipólito Arzua, no Ferroviário; Navarro Mansur, no Maringá; Carlos Franchello, no Londrina; Waldomiro Perini e Aramis Tissot, no Pinheiros; Aziz Do­­min­­gos, no Colorado; Atílio Cômodo, Antonio Carlet­­to, João de Oliveira Franco, Valmor Zi­­mer­­mann e José Carlos Fari­nhaque, no Atlético.

Esse modelo faz parte do passado, pois a lenta transformação do nosso futebol deu-se com a entrada dos profissionais que mudaram a face dos times locais, como Almir de Almeida – que chegou à seleção brasileira –, Hélio Alves, Geraldino, Borba Filho, Oscar Yamato, An­­tonio Clemente e mais alguns.

Atualmente, os dirigentes vencedores atuam como patrões, escolhendo os profissionais para a execução do trabalho e supervisionando com olhares empresariais. Foi-se o tempo do amadorismo. Tudo gira em torno do faturamento e da relação custo-benefício. Os clubes que insistem com o modelo antigo, com os cartolas palpitando nas contratações, sem planejamento e mantendo intensa rotatividade de treinadores e jogadores, não conseguem sair do lugar, e até regridem.

Um exemplo clássico é o São Paulo, que foi campeão mundial e tricampeão brasileiro enquanto teve o médico Marco Aurélio Cunha na cúpula da comissão técnica, ao lado de executivos do nível de Muricy Ramalho, Carlinhos Neves e outros. Empolgado com as glórias do time e com o próprio sucesso como presidente, Ju­­venal Juvêncio resolveu assumir o comando do futebol e o São Paulo voltou a patinar no cenário esportivo, sem títulos há algumas temporadas.

Poderia citar outros exemplos de trabalho bem executado com os finalistas da Copa do Brasil. Vasco e Coritiba saíram das profundezas da Série B e, com organização e muito profissionalismo, deram a volta por cima, chegando ao topo do torneio. Não é à toa que os supervisores Felipe Ximenes, do Coritiba, e Rodrigo Caetano, do Vasco, estão em alta no mercado nacional.

O mérito dos dirigentes bem-sucedidos é saber escolher as pessoas certas para cada função na complicada engrenagem do futebol de alto nível, que envolve múltiplos interesses e, sobretudo, milhões de reais.

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