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O cidadão paga pedágio para transitar em estrada um pouco mais conservada, contrata segurança privada porque a polícia não dá conta da segurança pública, investe em plano de saúde porque não pode contar com a saúde pública, sacrifica-se colocando os filhos em escolas particulares porque o ensino público é fraco e, quem pode, aplica nos planos de previdência privada porque a aposentadoria virou um drama para os idosos.

O cidadão paga impostos, taxas e tributos para que o governo gaste mal no país carente de melhores estradas, ferrovias, aeroportos, portos, rede hospitalar, cadeia de ensino, combate a criminalidade e incríveis 39 ministérios para abrigar políticos e cabos eleitorais sempre de olho na próxima eleição, na base da bolsa-família a receber e da bolsa-escola a não frequentar.

O cidadão paga também para a construção de estádios para a Copa do Mundo ouvindo a ladainha do legado público que ficará para a população.

Foi o que disseram para justificar a fortuna aplicada nas obras superfaturadas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, com destaque ao Engenhão, agora interditado pela prefeitura do Rio de Janeiro por risco de desabamento.

Qual será o legado dos estádios que estão sendo construídos com recursos do estado em capitais cujos times nem sequer disputam os campeonatos das principais divisões, como Manaus e Cuiabá, por exemplo?

Escolhidas politicamente como sedes, para atender aos interesses pontuais do ex-presidente e dos ex-governadores, essas duas capitais deixarão dois autênticos elefantes-brancos como herança para a população pagar.

Diante de tantos absurdos que, lamentavelmente, acontecem em nosso país, vem a propósito o mote usado por muita gente: "Imagina na Copa".

Mas tem mais: o ministro do Esporte anunciou a possibilidade de o governo promover a isenção tributária para os clubes de futebol. Todos sabem que os clubes brasileiros acumulam uma dívida astronômica próxima a R$ 5 bilhões, quase toda ela resultado de obrigações fiscais que deixaram de ser recolhidas. A situação não é confortável nem sequer para os que dispõem de patrocinadores de peso, pois a má gestão da maioria provoca a saída de toda a receita pelo ralo diante dos salários absurdos pagos a técnicos, jogadores e exigências financeiras que inviabilizam planos e projetos a médio e longo prazo.

Qualquer que seja a proposta do governo para ajudar os clubes é imperioso que, da parte beneficiada, sejam exigidas contrapartidas como a profissionalização gerencial e no departamento de futebol, que é a alma do negócio, a adoção de modelos administrativos nos moldes que regem o funcionamento de empresas privadas, com o comprometimento patrimonial dos dirigentes, que precisam responder legalmente por atos lesivos cometidos à frente das associações esportivas. Sem paternalismo.

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