Conheci poucas pessoas com habilidade e simpatia para vender anúncios de rádio e televisão como o Luiz Alfredo Malucelli, que também sabia ser amigo dos amigos e pau para toda obra. Sempre foi simpático com todos, mas não levava desaforo para casa e dos seus 1,90 m de altura defendia os amigos em qualquer circunstância, pois o ambiente esportivo paranaense era carregado na transição do amadorismo para o profissionalismo.

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Cozinheiro de reconhecido talento, ele gostava de convidar os amigos nos finais de semana para almoços em sua chácara e toda semana reunia pessoas influentes, publicitários e patrocinadores para o famoso "Clube do Copinho" na antiga sede do Canal 12 (atual RPC), no Castelo do Batel. Segundo a língua ferina de Luiz Geraldo Mazza, Malu homenageava os anunciantes com uma corbelha de linguiça.

Trabalhamos juntos na Tribuna, na Rádio Guairacá e em televisão, na Grande Resenha Facit da TV Paraná e nos primeiros anos da TV Iguaçu. Fomos sócios no empreendimento para reerguer a Rádio Clube Paranaense com a Equipe Positiva e o lançamento do comunicador Luís Carlos Martins na década de 1970.

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Em um barreado – seu prato preferido – apresentou o ex-jogador e treinador Adão Plínio da Silva ao Monsenhor Vicente Víttola, diretor da Bedois, que emocionado beijou a mão do padre: "É uma honra, pois até hoje só conhecia de nome o Monsenhor Celso".

Muito prestativo e sempre de bom humor, uma das passagens mais engraçadas que ele produziu foi em Maringá, quando o Grêmio promoveu histórica partida amistosa com a seleção da União Soviética, com o aranha negra Yashin como goleiro. Foi um acontecimento daqueles e o Malu foi realizar a cobertura acompanhado do fotógrafo Osmar Zimermann, o Xiquinho, um dos maiores gozadores de todos os tempos. Não deu outra: lourinho do campo da Galícia, olhos claros, Xiquinho vestiu terno e gravata e foi apresentado pelo Malu à imprensa brasileira como agente da KGB que não falava uma palavra em português. O famoso meia Metrevelli concedia uma entrevista e Xiquinho colocou-se ao lado do intérprete com cara de durão, se segurando para não rir.

Apenas ouvia as conversas até que na hora do almoço perante a crônica esportiva nacional no suntuoso Hotel Ferrareto, um político local começou a criticar a presença dos comunistas no Brasil – foi em 1965, auge da ditadura militar – e dirigiu-se para o Xiquinho com ares desafiadores:

– Vejam esse russinho aí, com jeito de idiota, que não entende nada do que falamos e mesmo assim está nos espionando a serviço de Moscou. Tenho vontade de dar uns tapas nesse comunista vagabundo!

Xiquinho, com a maior tranquilidade, resolveu falar:

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– Para bater em você não precisa ser russo, pois na semana passada você levou um corridão do Erondy Silvério no plenário da Assembleia, em Curitiba...!

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