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Alguns amigos de fora estão querendo entender a queda técnica do futebol paranaense. Só querem entender, nada mais.

Eles recordam a boa fase do Atlético, no período entre o título brasileiro e a decisão da Libertadores com o São Paulo; e as breves passagens de Coritiba e Paraná pelo maior torneio continental.

Como os nossos times fazem revezamento no sobe e desce nacional e revelam poucos jogadores de expressão, é natural que as pessoas queiram saber o que se passa por aqui.

Tento argumentar que o mercado futebolístico local é restrito, mas eles salientam que Curitiba tornou-se maior no PIB – Produto Interno Bruto – e passou Porto Alegre em população, mas nem por isso os gaúchos perderam a soberania sulista no futebol.

Nesta parte ainda temos um bom pedaço a percorrer, começando pela transformação do conceito empresarial de acreditar e investir nos símbolos estaduais e passa, necessariamente, por uma reforma moral na política desgastada por graves denúncias de corrupção contra deputados estaduais e vereadores da capital.

Quanto ao futebol, é evidente que padecemos de má gestão na Federação, pois ninguém resiste com quase 30 anos de mediocridade plena.

Os clubes sobrevivem de historinhas de polichinelo, com a rivalidade transformada em ódio pelo comportamento torto dos dirigentes, passando ao torcedor a ideia de que não se trata de um simples esporte, mas de uma guerra. E o ódio produzido começou a respingar nos próprios dirigentes.

Sem conseguir revelar quantidade de bons jogadores e com recursos limitados para investir na contratação de grandes craques, os nossos times perderam altitude logo após a decolagem na virada do século.

Diante das circunstâncias, tornou-se restrita a margem de erros, tanto que o Coritiba, ao se mostrar infeliz no troca-troca de jogadores para esta temporada, reduziu sua capacidade técnica e diminuiu o quadro associativo, revelando que o torcedor é movido exclusivamente pela paixão do momento e não por um compromisso de solidariedade – como se verifica, por exemplo, com os torcedores da dupla Grenal.

De novo, a comparação com os gaúchos é inevitável, pois o futebol para eles integra a cultura do estado, ao contrário daqui, onde os torcedores do interior não apreciam os times da capital pela falta de integração social, política e esportiva no passado. Futebolisticamente, o Norte tornou-se paulista; o Oeste, gaúcho.

Quem viu as apresentações de Atlético e Coritiba no domingo sabem do que estou falando: o torcedor atleticano continua se chateando com as invenções dos técnicos que passam pelo clube e a fragilidade técnica do time, enquanto o torcedor coxa-branca esteve próximo da glória no ano passado e foi empurrado para a dura realidade do cotidiano sem emoções fortes.

O Estadual é o único título realmente ao alcance da dupla Atletiba.

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