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Mesmo que não consiga reverter a vantagem adquirida pelo Galo nas finais da Copa do Brasil e deixe de conquistar novamente a ambicionada tríplice coroa, o Cruzeiro permanecerá no ponto mais alto do pódio como modelo de campeão. O título mais importante continua sendo o de campeão brasileiro, vindo a seguir a Copa do Brasil e os estaduais.

A forma de gestão do futebol cruzeirense tem se revelado a mais adequada nesses tempos de crise administrativa, financeira e técnica, impondo-se nos últimos anos como time de ponta mesmo diante de clubes com maiores recursos do eixo Rio-São Paulo que sucumbiram às más administrações. Não estou falando de cabeças coroadas como Botafogo e Palmeiras, que se encontram na bacia das almas, mas dos demais que gastam verdadeiras fortunas e não conseguem chegar a lugar algum. O poderoso São Paulo tem se contentado com decisões na Copa Sul-Americana e a derrocada do futebol brasileiro na última edição da Libertadores não deixou dúvidas quanto ao estágio atual.

Acontece que nos degradamos futebolisticamente. Fomos aceitando, resignados, a baixa qualidade e nosso gosto pessoal foi se deteriorando. Aprendemos a conviver com más arbitragens, com dirigentes truculentos e a não reclamar dos brucutus e dos trombadores, procurando descobrir algum ponto positivo em partidas ridículas e jogadores medíocres.

Justificamos a má qualidade afirmando que as coisas mudaram, que não há mais lugar para saudosismos, que futebol se tornou um negócio, que futebol-arte é algo da pré-história, etc.

Exatamente como acontece no dia a dia, com maus governantes, escândalos em profusão, classe política desmoralizada e o império da propina na gestão pública. É como se fossemos obrigados a nos conformar com esse panorama e se acostumar, mesmo a contragosto, com um futuro sombrio.

Voltemos ao futebol nosso de cada dia, que deve se sentir resignado com a volta de Eurico Miranda ao reino da cartolagem. Sumo sacerdote do gênero "meu malvado favorito", o novo velho presidente do Vasco chegou com as mesmas ideias carcomidas, superadas e que, não por acaso, coincidem com o pensamento político de muita gente por aí.

Dentre os clubes voltados exclusivamente para o futebol, sem se preocupar com a construção de estádio, os dois representantes mineiros têm oferecido boas lições a todos.

Acertando na opção por Marcelo Oliveira e na maioria das contratações, o Cruzeiro não é uma equipe fora de série, tanto que também fracassou na Libertadores, mas, pelo menos, apresenta estilo de jogo agradável, eficiente, com boa técnica e profusão de gols. Conquistou o título por antecipação, refletindo a superioridade que mantém sobre os concorrentes. Tomara que outros clubes sigam o seu exemplo para melhorar a qualidade do futebol brasileiro.

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