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Os últimos acontecimentos serviram para confirmar algumas suspeitas de que o futebol brasileiro vive em um mundo paralelo. Algo do tipo as aparências são mais importantes do que a realidade. Parece que só os apaixonados e inocentes torcedores levam o futebol a sério, pois os cartolas continuam dando shows de caradurismo e desconhecimento técnico do negócio que dirigem, enquanto os defasados treinadores se transformaram em milionários fanfarrões.

Dizem que todos reclamam dos desmandos na CBF, mas se a entidade fosse controlada pelo governo, o cargo do Felipão estaria provavelmente sendo disputado por quadros do PP e do PR, partidos que vivem dos minutos recebidos no horário eleitoral.

E não a de ver que Felipão já conseguiu emprego e foi recebido calorosamente pela, repetindo, apaixonada e inocente torcida do Grêmio. O povo continua servindo como massa de manobra e o técnico pediu carinho a todos, esquecendo de pedir o mesmo aos milhões de adultos e crianças que se fantasiaram de torcedores durante a Copa e até agora não entenderam o festival de incompetência da comissão técnica e dos jogadores da seleção que sofreu dez gols nas duas partidas que encerraram tragicamente a sua participação.

Segue o baile, pois Dunga assumiu com ares de anão diplomático e a primeira convocação indicará se teremos algumas novidades ou voltará o mais do mesmo. A maioria dos clubes brasileiros está quebrada por má gestão e mesmo assim os dirigentes tentam posar de autoridades no assunto, passando por cima de princípios comezinhos de administração.

No caso do senhor Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba e porta-voz do movimento, ainda sobraram criticas à crônica esportiva paranaense, que para ele não passa de uma piada. Piada é o que a cartolagem faz pagando até 700 mil por mês para técnico de futebol, comprometendo a saúde financeira dos clubes e depois sair com o chapéu nas mãos pedindo ajuda às autoridades.

Se o programa de refinanciamento de débitos tributários, o conhecido Refis, já é uma oferta generosa à custa dos contribuintes que pagam impostos em dia, o plano que refinancia as dívidas dos clubes de futebol, em tramitação no Congresso, levará a um novo patamar o saco de bondades para salvar o futebol brasileiro.

Só que ao invés de salvar, o plano servirá apenas para adiar o colapso de diversos clubes pessimamente gerenciados e empurrar com a barriga a grave crise que os conserva nesse joguinho do faz de conta. Quando os jogadores do Botafogo entraram em campo com uma faixa protestando pelo atraso de pagamento não estavam se referindo a algum desastre natural na sede do clube, mas simplesmente pela incompetência administrativa que o persegue há décadas, como em tantos outros que sobrevivem nesse autêntico mundo paralelo.

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