Historicamente, o futebol mundial vive de ciclos e, agora, estamos no limiar de uma nova era de esplendor alemão. Praticamente a cada década surge uma nova ordem no futebol, com clubes ou seleções. Houve os italianos do Torino e da Azurra na década de 1930; os argentinos do River Plate – La Máquina – nos anos 1940; os húngaros do Honved e da seleção – como escrevia Nelson Rodrigues, em tom sarcástico: "A seleção húngara do Armando Nogueira", como se ela só existisse na imaginação do genial cronista esportivo.

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Depois veio a fase de ouro do Real Madrid e o seu pentacampeonato europeu sob a inspiração de Di Stefano e Puskas; os brasileiros do Santos e da seleção tricampeã mundial que reinaram de 1958 até 1982 com o último antológico time nacional, mesmo derrotado na Copa da Espanha. Como exceção nesse período brasileiro, respeitosas referencias ao Bayern Munique, de Beckenbauer e ao Ajax, de Cruyff, além da seleção argentina, entre 1978 e 1990, com destaque a performance de Maradona.

Por fim, a volta dos brasileiros entre os títulos de 1994, com Romário, e 2002, com Ronaldo e Rivaldo; a ascensão dos franceses, com Zidane, até o Barcelona e a Fúria dos últimos anos.

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Com a renovação de sua seleção e a força técnica de Bayern Munique e Borussia Dortmund na desconstrução de Barcelona e Real Madrid, os alemães mostraram que vieram para ficar. Golear os milionários times espanhóis não é tarefa para qualquer um, mesmo com Messi jogando no sacrifício os outros craques do Barça também não conseguiram inibir o ímpeto dos gigantes bávaros, assim como o polonês Lewandowski foi um aríete na demolição dos merengues.

Nesta semana, os times alemães tentarão visar o passaporte para a final em Londres jogando nas catedrais do futebol espanhol: Santiago Bernabeu e Camp Nou.

Repetição histórica

Repete-se com Neymar o dilema que o Santos teve com Pelé. No início dos anos 1960, o presidente da Fiat e da Juventus, Gianni Agnelli, desembarcou no Brasil para contratar Pelé ou Garrincha. João Saldanha quase incendiou a sede do Botafogo com a sua veia esquerdo-nacionalista defendendo que Garrincha era patrimônio nacional e não podia ser corrompido pelo capitalismo. O Botafogo continua sendo um clube inviável até hoje.

Com o Santos não foi diferente, se bem que o US$ 1 milhão oferecidos pelo passe de Pelé – equivalente mais ou menos a R$ 500 milhões em valores corrigidos – chegou a balançar os dirigentes que aplicaram os dólares ganhos nas centenas de excursões internacionais na compra do hotel Parque Balneário, acreditando na volta dos cassinos ao país, em vez de reformar Vila Belmiro, hoje em dia um estádio pequeno e remendado.

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A indecisão entre vender Neymar agora e faturar alguns milhões ou ficar sem nada daqui um ano tem corroído os santistas.