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Para os americanos, o empate em partidas de futebol é tão difícil de ser entendido como o ponto facultativo nas repartições públicas brasileiras.

Claro que não é por causa do empate que o futebol encontra di­­ficuldade para pegar nos Estados Unidos com a mesma intensidade do beisebol, futebol americano, basquete ou outras modalidades extremamente populares. O futebol que praticamos, chamado lá de soccer, não pegou porque quando os ingleses mandavam no pedaço ele ainda não havia sido inventado ou, pelo menos, organizado nos termos que conhecemos.

O futebol é produto da revolução industrial na Inglaterra, ali pela metade do século 19, tanto que as primeiras regras oficiais foram sistematizadas em 1863. Naquela época os americanos estavam entretidos em correr atrás dos índios, tomar terras dos mexicanos ou na matança durante a sua cruen­ta guerra civil.

Mas o problema não é o empate como resultado do jogo, mas a falta de gols. O que decepciona as novas plateias do futebol, aquelas que têm dinheiro, mas ainda não são apaixonadas pelo jogo e não estão emocionalmente envolvidas com as equipes, é a escassez de gols.

Alguns resultados de igualdade até que são emocionantes e deixam os espectadores satisfeitos, entretanto, o zero a zero no placar é um tédio.

Preocupados com o baixo índice de gols na última Copa do Mun­­do os estudiosos da Fifa emitiram sinais de que estão preocupados com o esvaziamento do futebol como espetáculo. Ou seja, com a possibilidade de não conquistar novos aficionados, limitando-se aos fanáticos que torcem por uma equipe ou pela seleção do seu país.

Como tudo é negócio, a Fifa de­­seja ampliar os seus horizontes e, de olho no sucesso financeiro, acena com a possibilidade de promover algumas mudanças nas regras da próxima Copa a realizar-se no Brasil.

O ponto de partida é a necessidade da existência de um vencedor e um perdedor. Não há espaço para contemporizações. Nes­­te caso, representadas pelos esquemas de­­fensivos que levam uma seleção a empatar todos os jogos na primeira fase e ainda assim classificar-se para a próxima etapa do Mundial.

Os argumentos são sempre os mesmos: decidir o vencedor através da cobrança de penalidades máximas. A experiência não é no­­va e o próprio Campeonato Bra­­sileiro já experimentou a fórmula durante a temporada de 1988. Não deixou de ser interessante, afinal depois de um sofrível 0 a 0 ou de um vibrante 4 a 4, os jogadores partiam para a decisão nos pênaltis e os goleiros se transformavam em heróis e os batedores em vilões.

Como o time perdedor não so­­mava nenhum ponto, havia interesse no desempate dos pênaltis, porém a ideia não prosperou e no campeonato seguinte voltou co­­mo era antes.

É melhor aguardar as sugestões, os prós, os contras e, finalmente, a reflexão da Fifa sobre o assunto.

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