O Palmeiras é o grande exemplo das dificuldades enfrentadas pelos clubes brasileiros para conviver com parceiros que investem no futebol.
As experiências com a Parmalat e com a Traffic geraram mais discussões do que resultados. Claro que, no auge, o acordo Palmeiras-Parmalat foi um sucesso absoluto, com a conquista de títulos paulistas e brasileiros, na formação de elenco estelar que deixou saudades no Parque Antártica. Mas o que era, no início, estratégia de marketing da empresa italiana de laticínios escancarou a anemia financeira dos clubes e atiçou a cobiça de quem tem grana para bancar jogadores.
Outros clubes sofreram o mesmo processo de desgaste, alguns por má gestão, outros por desvio de dinheiro e todos pela dificuldade de relacionamento em alto nível com seus respectivos parceiros.
As sociedades viraram sinônimo de problema com o afastamento de alguns presidentes envolvidos em episódios nebulosos e transformaram os clubes reféns de agentes, empresários, investidores e similares.
Eis agora, aqui no Paraná, mais um caso de amor e ódio nas negociações em torno do jovem Kelvin, a nova joia da coroa na Vila Capanema.
Com graves dificuldades financeiras, sem título de campeão nas últimas temporadas e enterrado na Segundona nacional, o Paraná se tornou presa fácil dos investidores, que entram e saem do clube com impressionante desenvoltura. Cada vez mais os torcedores vão percebendo que parceiro de time de futebol é serpente.
Antigamente a transferência do jogador era simples: de clube para clube. Com o fim da Lei do Passe, esse processo ficou mais complicado com o surgimento da figura do intermediário. Em vez de facilitar a vida dos clubes e dos jogadores, a Lei Pelé fez despontar os "investidores", seres muitas vezes sem rosto, sem identidade, mas com dinheiro.
Começaram a adquirir os direitos econômicos dos atletas e se transformaram nos verdadeiros patrões. Os dirigentes dos clubes passaram a cortejá-los e nem sequer conseguem administrar sozinhos a carreira dos jovens criados na divisão de base.
Os clubes recebem uma importância por serem formadores e, dependendo do caso, algo mais que, via de regra, se apresenta irrisório diante da magnitude dos números que envolvem as transações.
Não raras vezes os direitos sobre os jogadores pertencem a mais de um investidor e se instala uma confusão dos diabos na hora de renovação do compromisso ou, especialmente, no momento da venda para o exterior.
O curioso nisso tudo é que as novas regras vigoram há dez anos e ainda não se ouviu nenhuma manifestação efetiva do Clube dos 13 ou de alguma outra entidade filantrópica para tentar mudar alguns artigos da polêmica Lei Pelé.
Até parece que o futebol brasileiro vive no melhor dos mundos e todos os clubes estão nadando em dinheiro.
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