Assim como o turfe envelheceu perdendo público e prestígio, dirigido com graves danos financeiros aos clubes e com perda na qualidade técnica, o futebol brasileiro também sofre processo de envelhecimento.
O turfe foi o principal esporte do país atraindo multidões, com destaque ao Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, que substituiu o Derby Club, onde se realizavam as corridas no local em que posteriormente foi construído o estádio do Maracanã. O maior acontecimento era o Grande Prêmio Brasil, criado em 1933, com vitória do cavalo Mossoró, que virou marca de cerveja tamanha a sua popularidade. Durante décadas o Swepstake, famosa loteria de cavalos, alavancou as apostas e o futebol bebeu na fonte da crônica turfística adotando o seu vasto repertório, incluindo palavras como derby, barbada, zebra, favorito, azarão e tantas outras que passaram para a terminologia futebolística. Acabaram os programas radiofônicos e as páginas de turfe nos jornais.
As novas gerações se desinteressaram pelo turfe do mesmo jeito que o futebol corre o risco de perder prestígio junto aos jovens, que dispõem de vasto leque para o entretenimento e o lazer. Foi-se o tempo em que o jogo de futebol era o programa obrigatório dos domingos, tanto que o impacto da perda do título mundial de 1950 foi muito maior do que o vexame histórico da seleção brasileira neste ano.
Com tantas alternativas modernas, nem bem terminou o catastrófico 7 a 1 da Alemanha, a torcida desligou a televisão e partiu para as inúmeras ferramentas de comunicação comentando o fato e, sobretudo, fazendo piadas do grande fracasso de Felipão e seus comandados. A derrota provou que o futebol não leva ninguém ao desespero como antigamente.
O mundo mudou e o marketing do futebol europeu está tão adiantado em relação ao brasileiro que milhões de jovens - graças a internet e aos joguinhos eletrônicos produzidos pela FIFA - sabem tudo sobre ele e pouco dos nossos times e jogadores.
O atraso da CBF, das federações e dos clubes é tão preocupante que nem mesmo a perda da Copa em casa conseguiu sensibilizar os cartolas. Eles insistem com o superado modelo de gestão na escolha de técnicos, formulação de calendários ultrapassados, disputas de campeonatos deficitários com horários de jogos incompatíveis com os interesses do público e afastamento da realidade. Especialmente o perigoso distanciamento com a juventude que tem se interessado por outras modalidades em vez de perder tempo com os surrados jogos de futebol exibidos à exaustão pela televisão.
Em algum momento o futebol brasileiro deixou de ser um espetáculo alegre e festivo, dando lugar a pancadarias entre torcidas organizadas, más arbitragens e jogos tecnicamente sofríveis.
Alguma coisa precisa ser feita para salvar o desgaste do futebol em nosso país.
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