O Brasil não está conseguindo passar nos testes assumidos ao aceitar promover grandes eventos de caráter esportivo e religioso, pois as coisas continuam emperradas e o que parecia ruim pode piorar. Em vez de mostrar ao mundo que é um país moderno e com capacidade para receber multidões, parece que estamos tentando desafiar, ou apenas confirmar, a famosa lei de Murphy: "Se alguma coisa pode dar errado, ela dará".
Não é à toa que a imprensa mundial vem criticando a pouca competência na organização desde os incidentes durante a Copa das Confederações, dramaticamente repetidos na visita do papa Francisco.
O colunista do Chicago Sun-Times ironizou o COI Comitê Olímpico Internacional por ter preterido a cidade de Chicago na escolha da sede para a Olimpíada de 2016, com o título "Perdemos para isso?", apresentando fotos das ruas tomadas por militares atirando gás e balas de borracha contra as bombas dos manifestantes que pedem a renúncia dos políticos corruptos. Mas, feio mesmo, foi ter deixado o carro do papa perdido no meio de um congestionamento na avenida presidente Vargas no centro do Rio de Janeiro. Falha primária de segurança e estratégia de mobilidade mesmo com um custo financeiro elevadíssimo na organização, que acabou se caracterizando pela desconexão entre a polícia federal e os responsáveis pelo controle do tráfego no trajeto.
Ainda bem que o povo é ordeiro e estava ali para homenagear o papa que, de forma magnífica, tirou de letra sorrindo, abraçando as pessoas, beijando as crianças. Mas, infelizmente, teve mais: o metrô e os ônibus não funcionaram de acordo com o figurino deixando milhares de peregrinos literalmente a pé. Pelas leis atualizadas de Murphy "Os problemas não se criam, nem se resolvem, só se transformam".
O The New York Times não perdoou ao criticar o despreparo das autoridades públicas brasileiras no que chamou de "Visita do papa cheia de tropeços, tensões e erros". Murphy, de novo: "Quando você acha que as coisas começam a melhorar, é porque algo te passou despercebido".
Como continuamos sob os olhares do mundo não é tarde para tentar melhorar até a Copa do Mundo. Nem falo das verdadeiras fortunas que foram gastas na construção dos estádios públicos, depois privatizados e muito menos no imbróglio em que se encontram as obras da Arena da Baixada diante da falta de entendimento entre o Atlético, que pede a liberação de recursos, a prefeitura de Curitiba e o governo do estado, que alegam falta de maior clareza e equilíbrio econômico-financeiro do projeto.
Falo da necessidade real de as autoridades federais, estaduais e municipais discutirem, efetivamente, com a máxima urgência e responsabilidade, o planejamento geral para a Copa e para a Olimpíada, com o objetivo de evitar novos vexames e constrangimentos.
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