O futebol brasileiro cresceu nas últimas décadas, mas só agora a mídia e a torcida estão se dando conta do mal que treinadores despreparados ou seja, a maioria causaram e continuam causando.
O desenvolvimento deu-se em todas as frentes, com a criação do Clube dos 13, através do qual os times começaram a receber verbas compensadoras da televisão; da eleição do presidente Ricardo Teixeira que, apesar de aspectos políticos discutíveis, comandou a seleção na conquista de dois campeonatos mundiais, um vice, diversos outros títulos internacionais e, sobretudo, na definição da disputa do Campeonato Brasileiro com pontos corridos.
Além do fim das viradas de mesa no tapetão e a comercialização da marca dos principais clubes.
Foi graças ao resgate da credibilidade dos campeonatos com acesso e rebaixamento respeitados, independentemente do nome dos clubes envolvidos que grandes patrocinadores resolveram investir pesadamente no produto chamado futebol.
Mas houve outras coisas positivas, tais como a valorização dos profissionais em grande parte graças ao talento natural dos jogadores requisitados pelo mundo inteiro , a reorganização administrativa dos clubes e a construção de modernos centros de treinamentos pelo país afora.
Porém, no meio de tanta coisa boa, observamos algo bem negativo: o poder desmedido dos treinadores das categorias de base. Um poder maléfico.
Como os nossos jogadores passaram a valer muito no mercado internacional, os treinadores começaram a limitar a criatividade dos atacantes privilegiando os fortões para impressionar os europeus. Jogadores de talento, que improvisam jogadas, correm o risco de ir para o banco porque os técnicos preferem jogadores fisicamente bem dotados que obedecem às ordens e seguem cegamente as instruções táticas.
Estamos repletos de jogadores robôs, zagueiros e volantes em quantidade desprovidos de inteligência, que só sabem fazer o que os técnicos mandam , enquanto sofremos grave escassez de atacantes criativos e, principalmente, goleadores.
Basta correr os olhos pelos campeonatos nacionais em andamento para observar a pobreza ofensiva da maioria e os poucos avantes artilheiros revelados.
A maioria é escalada só se obedecer os orientadores, sem liberdade criativa, enquadrados em esquemas rígidos de marcação. Eles são ensinados a destruir e forçar a pegada em vez de driblar ou tentar a marcação do gol. E quando fazem um gol, em vez de procurar os companheiros ou o público, beijam o escudo bordado na camisa e correm para a margem do campo para abraçar os técnicos.
A arte rara de craques como Ganso e Neymar representa uma lufada de esperança para novos rumos. Além de craques, eles demonstram personalidade para argumentar com os treinadores mantendo a característica da nobreza técnica do futebol brasileiro.
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