Lamentavelmente, por mais que os veículos de comunicação se esforcem apresentando matérias especiais e outras iniciativas para motivar o maior clássico do futebol paranaense, ele está prejudicado: não pode haver clima, quando um dos lados despreza o campeonato, ignora os apelos da própria torcida, se fecha e não se comunica nem mesmo com os associados que são, na realidade, os verdadeiros donos do clube.
Uma entidade esportiva, seja com fins lucrativos ou não, pertence à comunidade e não somente a uma pessoa que, episodicamente, ocupa o seu cargo mais elevado. No caso do Atlético, salta aos olhos a incoerência do momento, pois 80% da torcida deseja que o time titular dispute o certame, e o próprio elenco profissional manifestou a mesma vontade. Um ex-dirigente do clube passou a informação de que o ambiente anda carregado entre os profissionais no CT do Caju, já que além da inatividade, que só aumenta o grau de responsabilidade de todos quando o time titular tiver de disputar os torneios nacionais, há considerável desconforto pela falta de exposição na mídia. Os jogadores não só gostam de dar entrevistas e de serem filmados e fotografados, como possuem contratos com patrocinadores individuais que estão sendo prejudicados pela insólita lei do silêncio.
Mais triste é saber que, se alguns terão a oportunidade de assistir o jogo ao vivo, milhares estarão privados de acompanhar as suas equipes de coração, em razão de os dirigentes atleticanos não terem aceitado a oferta da tevê pelo direito de transmissão, nem mesmo através dos canais fechados.
Diante disso o primeiro Atletiba do ano está com pouco brilho e só interessa ao torcedor do Coritiba que, evidentemente, irá apoiar a sua equipe para tirar proveito da situação e chegar o quanto antes à conquista do turno, abrindo as portas para o segundo tetracampeonato da história do clube.
Mas, sob o ponto de vista de competição, os jogadores coxas estão impelidos a vencer o clássico pelas suas circunstâncias especiais. Qualquer outro resultado não será bem absorvido pela torcida alviverde. Vencer o time sub-23 do Atlético tornou-se obrigação que, como os mais experientes em futebol sabem, é uma equação complicada quando a bola começa a rolar. A comissão-técnica e os jogadores do Coxa preferem, inteligentemente, manter um discurso ameno para diminuir os efeitos da pressão e as consequências de um resultado aparentemente improvável.
Como futebol não é uma ciência exata e muitos fatores contribuem para a definição do resultado de uma partida, é importante compreender a posição delicada em que o time coxa-branca foi colocado, tendo em vista o seu escancarado favoritismo e absoluta superioridade técnica a esta altura do campeonato.
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