Ao observar Felipão de volta ao Mineirão depois dos 7 a 1 da Alemanha, perdendo de novo, agora para o Cruzeiro, tive confirmada a sensação de que o ciclo dos técnicos milionários está com os dias contados no futebol brasileiro. Ou não? Bem, tudo é possível, afinal os dirigentes agem como os políticos que desgraçam a vida do povo com comportamento muito distante do desejável para uma nação que, economicamente, perfila entre as maiores do planeta, mas engatinha em termos éticos e de competência na gestão pública.

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Foram os cartolas dos times, com proverbial irresponsabilidade administrativa e sem responder pela decadência econômica dos clubes com os seus bens pessoais, que aumentaram de maneira astronômica os salários dos treinadores e de centenas de jogadores que não fazem jus em campo ao que recebem. Agora os "professores" estão em crise. Crise latente há anos que ganhou visibilidade e corpo depois do retumbante fracasso de Felipão na Copa do Mundo.

As pessoas que abraçam a carreira de treinador são, em sua maioria, simples, de pouca cultura, que jogaram futebol, aprenderam as manhas do negócio e, por terem liderança ou vocação para a profissão aperfeiçoaram-se fazendo cursos ou mesmo formando-se em Educação Física. Daí o título de professores, para muitos indevido. De futebol são realmente professores, porém recebendo salários e prêmios que os verdadeiros mestres do ensino jamais alcançarão.

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Alguns treinadores revelam-se inseguros no início da carreira, mas os primeiros resultados nas categorias de base os animam a seguir em frente e o eventual complexo de inferioridade, derivado da pouca cultura, logo é superado. E muitos deles são tão autossuficientes que beiram a megalomania, dependendo do sucesso em campo, da badalação na mídia generosa e, sobretudo, dos ganhos estratosféricos. Mas, como afirmam alguns psicanalistas, a megalomania também é derivada da insegurança, para não dizer da ignorância.

A grande maioria usa e abusa dos clichês tipo "Vim para somar; o grupo está fechado; o grupo está unido ou respeito muito o adversário e o colega do outro lado". Conheci dezenas de profissionais da área e me convenci de que são pessoas corretas, dedicadas e que não têm culpa se os cartolas são irresponsáveis perdulários com os recursos financeiros dos clubes e não exigem estudo e atualização.

Um deles, ao assumir o comando do Coritiba, foi sincero com o presidente Evangelino Neves dizendo-se ao mesmo tempo orgulhoso e um tanto nervoso pela oportunidade de se tornar técnico do tradicional clube. Evangelino, velha raposa do futebol, parodiou o presidente De Gaulle quando ouviu do sucessor Pompidou temer não ser grande o suficiente para governar a França. O marechal o tranquilizou dizendo: "Não tema, mon cher, a França o engrandecerá..."

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