O Brasil atravessa um de seus momentos mais edificantes, com a população saindo às ruas para demonstrar o seu repúdio aos maus costumes da classe política, às lamentáveis práticas na gestão do interesse público e à preservação de hábitos marotos que corroem o prestígio das autoridades em geral. O povo cansou de tanta corrupção e incompetência, e não vai parar de exigir comportamento ético e moral à altura dos cargos que suas excelências ocupam temporariamente e não eternamente, como a maioria imagina.
Se o ex-presidente Lula quisesse ser sincero com a população e transparente em seu propósito de bancar a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada, deveria ter reconhecido que o dinheiro gasto para a construção de estádios, ginásios, piscinas, pistas, alojamentos e etc. não teria o retorno prometido como legado à população, ao mesmo tempo em que diminuiriam os recursos para escolas, hospitais, segurança pública, infraestrutura e tantas outras carências que mantêm a maioria dos brasileiros com índices indecentes de qualidade de vida.
Hoje o povo brasileiro quer saber se abrigar eventos internacionais dessa magnitude traz benefícios para o país-sede. Não há uma resposta definitiva para essa pergunta. Os relatórios de impacto econômico, encomendados pela Fifa ou pelos governos da sedes, indicam invariavelmente que sim. Mas, como diria Lula, pode ser "menas verdade". Estudos realizados por universidades dos países que promoveram Copas listam geração de empregos, aumento no turismo e no consumo, mas minimizam esse impacto, lembrando que os estouros no orçamento são comuns.
O turismo, um dos principais componentes do impacto econômico de uma Copa e de uma Olimpíada, tende a trazer mais dinheiro para o país-sede, mas dificilmente o resultado cobrirá o volume de gastos, pois as obras públicas sempre custam mais caro.
Para deixar os organizadores mais preocupados, a situação dos aeroportos é lastimável. O receio de um novo caos aéreo é tamanho que as autoridades esportivas da Fifa e da CBF decidiram fatiar o Brasil em quatro regiões para evitar que delegações e torcedores façam viagens muito longas.
Embora ocorra inquietação crônica em relação à capacidade aeroportuária do país, os governos federal, estaduais e municipais, sempre com suas obras atrasadas, correm para evitar os gargalos que não registraram na Copa das Confederações, mas podem acontecer daqui um ano com a movimentação de 32 delegações e milhares de torcedores e jornalistas. Levantamento feito pelos órgãos reguladores do setor aéreo aponta que o aumento do número de passageiros no país cresce quase o dobro da velocidade vista no restante do mundo.
É um novo Brasil que surgiu, pronto para se desenvolver social e estruturalmente, acabando de uma vez por todas com a corrupção que inibe o seu crescimento.