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A dizimação dos brasileiros na Libertadores somada a diversos ti­­mes ilustres eliminados na Copa do Brasil, frustrou os torcedores e fez com que se procurasse um culpado para tentar justificar os fracassos.

Sobrou para os campeonatos estaduais, na conta dos quais foi depositada a responsabilidade pela irregularidade de diversas equipes. O argumento é de que o calendário do futebol brasileiro tornou-se prejudicial aos interesses dos principais clubes, sobretudo àqueles que representam o país em competições internacionais.

Com pouco tempo para a realização de uma pré-temporada decente e com os campeonatos estaduais muito longos, arrastados e sem despertar o interesse das massas, os clubes sofrem as consequências dos prejuízos técnicos e financeiros.

Há alguns anos, Muricy Ra­­malho disse que futebol é como teatro, precisa haver en­­saio para que se faça boa apresentação. Mas com o ritmo alucinante imposto aos Santos, envolvido nas finais do Cam­­peonato Paulista e na fase decisiva da Libertadores, como nosso único representante, Muricy voltou a botar a boca no trombone lembrando que os espetáculos não agradam porque não existe tempo para ensaiar.

Os treinadores mais famosos muitas vezes exageram, especialmente nas reclamações contra as arbitragens e, nesse particular, Felipão e Lu­­xem­­burgo se destacam na turma. Porém, todos eles têm ra­­zão quando protestam contra o calendário nacional. É um ab­­surdo não oferecer aos profissionais pelo menos um mês de pré-temporada e obrigar as federações a promover os estaduais com menor número de participantes e com fórmulas de disputa mais enxutas.

O Coritiba destacou-se como a exceção da temporada, com uma maravilhosa sequência de vitórias e o favoritismo para a conquista do título da Copa do Brasil, porque manteve a estrutura do seu departamento de futebol e o mesmo elenco. Essa decisão – para o sucesso da qual concorreu o fator sorte – teve muito a ver com as restrições financeiras do clube, que simplesmente não dispunha de recursos para investir em grandes contratações.

Mesmo com o rebaixamento nacional, os dirigentes preferiram manter o técnico Ney Franco e a base do elenco, criando um ambiente de cumplicidade profissional que se mostrou fundamental na extraordinária arrancada do time coxa-branca nestes primeiros meses do ano, já sob a orientação de Marcelo Oliveira.

Dos quatro semifinalistas da Copa do Brasil, apenas o Vasco não impressionou no plano técnico, uma vez que Coritiba, Ceará e Avaí estão empolgando seus torcedores.

Para entender a derrocada dos chamados bichos-papões é preciso avançar um pouco além da simples crítica ao calendário. Afinal, o futebol brasileiro tem revelado poucos bons jogadores e os veteranos que foram enriquecer no exterior retornaram física e tecnicamente em petição de miséria.

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