A sociedade brasileira sente-se em um trem fantasma de parque de diversão levando um susto em cada curva com novas denúncias de escândalos políticos, abuso de poder e corrupção generalizada. E tudo em meio a uma disputada eleição presidencial.
A corrupção de ministros, parlamentares e funcionários públicos, ao contrário do que afirmam alguns pensadores de esquerda, não é uma doença infantil do capitalismo no seu estado selvagem. O vírus é antigo, de tempos imemorais, bastando recordar que o Império Romano desmoronou vitimado pela corrupção, repetindo-se o fenômeno com o esfacelamento da União Soviética em nossos tempos.
Conta a história dos Estados Unidos que, em 1896, Marcus Alonzo Hanna, homem síntese da plutocracia americana, organizou um grupo de milionários, cujos nomes são hoje de respeitáveis fundações do tipo Vanderbilt, Rockeffeler, Mellon e Carnegie vale a pena assistir a série televisiva no canal a cabo History , para financiar a campanha presidencial de William McKinley, governador de Ohio. O grupo, que ficou conhecido como os "Barões Ladrões", ganhou as eleições e McKinley fez tudo o que o big business quis durante o seu mandato, inclusive a guerra contra a Espanha, que deu aos Estados Unidos as colônias de Porto Rico, Filipinas, Cuba e o canal do Panamá.
A influência dos homens de negócio era tão grande que o escritor e humorista Mark Twain escreveu que "os Estados Unidos têm o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar". Qualquer semelhança com o que estamos, estarrecidos, assistindo por esses dias com parlamentares e funcionários públicos brasileiros não é apenas mera coincidência.
No futebol não tem sido diferente, afinal também pipocam graves denúncias de corrupção envolvendo a Fifa na escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022 e tantos outros problemas éticos e morais que mancharam a centenária imagem da entidade que comanda o esporte mais popular do planeta. Os fundos de investimentos, que já são donos de diversos clubes, estão rindo da decisão da Fifa para tentar diminuir a influência econômica no futebol.
Aqui, a CBF, as federações e os clubes vivem em preocupante estado de cumplicidade, como se o futebol do país não estivesse economicamente quebrado e tecnicamente comprometido. Pelo que se pode observar do comportamento dos cartolas nacionais, os humilhantes 7 a 1 da Alemanha não causaram o menor efeito entre eles. Antes, pelo contrário, se apressam em procurar partidas amistosas para a seleção na tentativa de fazer a torcida esquecer o vexame da Copa em casa. Marin e Dunga falam em jogos com a Alemanha o quanto antes, como se fosse fácil cicatrizar as feridas do Mineirão. Por muito menos, o futebol brasileiro chorou durante 64 anos a derrota para o Uruguai no desastre conhecido como Maracanazo.
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