O local que o empresário Joel Malucelli escolheu para fazer o seu templo ecológico de pelada tem uma vista deslumbrante da capital. Vê-se bosques, lagos e a silhueta do centro da cidade como pano de fundo. É um colírio para os olhos. Sem pretensões maiores, Joel queria apenas um bom gramado para se divertir com a famiglia Malutrom. E vai que a relva amadora, pelas circunstâncias, virou um estádio de verdade e ao mesmo tempo um problema profissional. Pois é, depois de um giro cigano, a enorme e fanática torcida rubro-negra toma conta do pedaço.
Na tarde de hoje mais de seis mil torcedores querem ver Atlético x Ceará, com direito a upgrade para fotografar a paisagem lá de cima. Pena que essa "menina dos olhos" do empresário, pura e singela, perde a graça com a maquiagem carregada pelo novo perfil do Ecoestádio. Provisório, é bem verdade, mas desafiador para uma adaptação precoce. Portanto, haverá mais jogos de alto risco por conta de negociações teimosas e ridículas dos cartolas.
O Paraná Clube, que se propagou durante os anos dourados da década de 90 como "o clube do século XXI", viu as imensas comportas do quadro associativo se fecharem e as piscinas estão secando. Seu enorme patrimônio está trancafiado nos guarda-roupas como a coleção de sapatos de Imelda Marcos.
Sem uso
O Coritiba reestruturou-se dentro de uma boa ideia. Depois houve um racha por vaidades com o afastamento de Macedo e Pedroso, braços-direitos de Vilson. Aquilo que parecia ser um início de profissionalismo adulto pode estar, salvo engano, mais próximo de uma incerteza adolescente.
Não se trata de buscar culpados. Mas é frustrante, para uma cidade abastada como a nossa, vivenciar três clubes eternamente na gangorra. A meta não é a busca de título, mas sim de não cair. Lamento que não haja um só talento com a capacidade, por exemplo, de Jofre, Aryon ou Perini, que foram esquecidos e injustiçados, para fazer prosperar as heranças recebidas.
Se o Atlético subir e Coritiba e Paraná se ajustarem no campo, não significa grande evolução fora dele. Serão apenas flashes de alegria que arrastam o torcedor nessa caminhada de altos e baixos sei lá até quando. Um balancê sem divertimento.
Copa e Olimpíada
Participei esta semana como palestrante de dois agradáveis encontros com temas voltados para Copa e Olimpíada. No evento do World Trade Center, no Hospital Marcelino Champagnat, reencontrei Renato Ramalho, sócio e amigo de Gustavo Borges, e lembramos os Jogos de Barcelona. Além de Ramalho, o triatleta Iberê Assis e o paralímpico Fabiano Machado (Sydney e Atenas) deram depoimentos brilhantes. Ontem, no Rotary Club de Curitiba Norte, também encontrei queridos companheiros e a palestra foi interessante. Só tenho a agradecer a Beto Lenz César e a Luiz Pilotto Júnior pelos convites. Resumo o que disse sobre eventos deste porte: nenhum país enriquece com Copa ou Olimpíada, mas sediá-las deixa sua população feliz e mexe com a autoestima.
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